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Otan descarta missão de paz na Ucrânia

16 de março de 2022

Aliança militar também descartou implementar zona de exclusão aérea, temendo escalada. Por outro lado, secretário da Otan expôs planos para reforçar forças militares nos membros orientais da aliança.

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Otan realizou reunião com os 30 ministros da Defesa da aliança Foto: Gints Ivuskans /AFP

Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) descartaram nesta quarta-feira (16/03) a possibilidade de enviar uma missão de paz à Ucrânia, como havia solicitado o vice-primeiro-ministro da Polônia, Jaroslaw Kaczynski.

Por outro lado, o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, anunciou planos de reforçar a presença de forças da Otan nos países-membros do leste europeu.

"Pedimos à Rússia, ao presidente [Vladimir] Putin, que retire suas tropas [do território ucraniano], mas não temos planos de enviar tropas à Ucrânia", disse Jens Stoltenberg.

Stoltenberg presidiu nesta quarta-feira em Bruxelas uma reunião dos 30 ministros da Defesa dos países da aliança, na qual foi discutida a proposta polonesa de enviar uma missão de paz.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, havia solicitado mais cedo ao Congresso dos Estados Unidos que reconsiderasse seu pedido de estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o território ucraniano, ideia que a Otan já descartou.

Como ficou claro na reunião entre os ministros da Defesa, a implementação de uma zona desse tipo só poderia ocorrer com militares da aliança transatlântica, numa escalada com consequências imprevisíveis no conflito.

Em 5 de março, Stoltenberg já havia expressado o consenso da maioria dos países da Otan ao afirmar em entrevista coletiva que "os aliados concordaram que não deveríamos ter aeronaves sobre o espaço aéreo da Ucrânia, nem tropas da Otan em território ucraniano".

O vice-primeiro-ministro Kaczynski havia viajado para a capital ucraniana, Kiev, na terça-feira com os primeiros-ministros da Polônia, República Tcheca e Eslovênia para participar de uma reunião com o presidente Zelenski e o primeiro-ministro Denys Chmygal.

Kaczynski, líder do partido ultraconservador no poder da Polônia e cujo país mantém laços próximos com a Ucrânia, pediu uma missão da Otan "capaz de se defender e agir em território ucraniano, que esteja em território ucraniano com o acordo do presidente e do governo ucraniano".

Chegando à sede da Otan em Bruxelas na quarta-feira, no entanto, vários ministros expressaram cautela.

"Acho muito difícil conceber uma missão de paz agora que há uma guerra acontecendo, com a intensidade que estamos vendo", disse a ministra da Defesa da Holanda, Kajsa Ollongren.

"É muito cedo para falar sobre isso. Primeiro temos que ter um cessar-fogo. Temos que ver a retirada da Rússia e tem que haver algum tipo de acordo entre a Ucrânia e a Rússia", acrescentou.

O ministro da Defesa da Estônia, Kalle Laanet, afirmou que "temos que estudar todas as possibilidades (...) mas o envio de uma missão de paz deve ser decidido pelo Conselho de Segurança da ONU".

Ministros da Defesa da Otan
Ministros da Defesa dos países que formam a aliança se reuniram em BruxelasFoto: Johanna Geron/REUTERS

Reforço na presença militar

Apesar da negativa sobre o envio de uma missão de paz ou da implementação de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, o secretário-geral Stoltenberg anunciou que a Otan pretende fortalecer ainda mais sua capacidade no flanco leste da aliança.

"Estamos diante de uma nova realidade para nossa segurança. Portanto, devemos restaurar nossa defesa coletiva e dissuasão de longo prazo. Hoje, encarregamos nossos comandantes militares de desenvolver opções em todos os domínios (...). Em campo, nossa nova postura deve incluir substancialmente mais forças na parte leste da Aliança", disse Stoltenberg.

Segundo a agência de notícias alemã dpa, Stoltenberg chegou a propor um fortalecimento "permanente" da presença militar da aliança na Europa Oriental. No entanto, tal proposta foi encarada com cautela pela Alemanha, já que um eventual reforço permanente poderia violar acordos de segurança com a Rússia. No momento, os membros mais influentes da aliança, como os EUA, não têm bases permanentes ou forças substanciais nos países da Europa Oriental que fazem parte da aliança, apenas instalações administradas de forma conjunta ou tropas temporárias.

Diplomatas não forneceram mais detalhes da proposta, mas enfatizaram que a Rússia não pode esperar que a Otan cumpra acordos anteriores após Moscou ter lançado uma invasão ilegal da Ucrânia.

Jens Stoltenberg
Stoltenberg defendeu reforço da presença da Otan no leste europeuFoto: Johanna Geron/REUTERS

O Ato Fundador Otan-Rússia, acordado por ambos os lados, obriga a aliança ocidental a abster-se de implantar permanentemente "forças de combate substanciais" nos territórios orientais da aliança, entre outras coisas.

O acordo também inclui uma promessa da Otan de não estacionar armas nucleares nos territórios de membros mais recentes da aliança. Os diplomatas disseram que isso não deve mudar por enquanto.

Os comandantes militares da Otan devem fornecer conselhos sobre os planos nas próximas semanas e uma decisão dos líderes da aliança provavelmente será tomada em uma próxima cúpula em junho, disse Stoltenberg.

Por outro lado, a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, afirmou após a reunião que as propostas de Stoltenberg devem ser cuidadosamente consideradas para ver se "essa ordem de magnitude é realmente necessária".

Americanos mandam mais armas

Ainda nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o envio de cem drones americanos à Ucrânia e garantiu que ajudará o país europeu a adquirir sistemas antiaéreos "de maior alcance" para se defender dos bombardeios russos.

Biden fez o anúncio em discurso na Casa Branca no qual anunciou a entrega de mais 800 milhões de dólares em assistência à Ucrânia.

"Isto incluirá os drones, o que demonstra o nosso empenho em enviar os nossos sistemas tecnológicos mais avançados para a Ucrânia, para a sua defesa", explicou, sem esclarecer se os drones estarão armados.

A Casa Branca detalhou mais tarde, em comunicado, que cem "sistemas aéreos táticos não tripulados" serão enviados para a Ucrânia, em pacote que também inclui 800 novos mísseis antiaéreos Stinger, elevando para mais de 1.400 o número fornecido à Ucrânia no último ano.

Além disso, Biden disse que a sua gestão está "ajudando a Ucrânia a adquirir mais sistemas antiaéreos de maior alcance", como Zelenski solicitou, "para que possam continuar a impedir aviões (russos) e helicópteros de atacarem o seu povo".

Os EUA também fornecerão à Ucrânia mais 9.000 projéteis antiblindagem, incluindo mais 2.000 mísseis Javelin, 6.000 lança-foguetes AT-4 antitanque e mil armas mais leves utilizadas para destruir veículos blindados.

A assistência inclui também cem lança-granadas, 5.000 espingardas, mil pistolas, 400 metralhadoras e 400 espingardas, assim como mais de 20 milhões de munições e balas para estas armas de fogo.

"Esta pode ser uma batalha longa e difícil, mas o povo americano permanecerá firme no nosso apoio ao povo da Ucrânia", disse Biden.

jps/bl (dpa, AFP, EFE, ots)