Pacientes são retirados de reduto rebelde sitiado na Síria
27 de dezembro de 2017Trabalhadores humanitários começaram a remover pacientes com doenças graves da região de Ghouta Oriental, reduto rebelde sitiado por forças do governo da Síria, anunciou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha nesta quarta-feira (27/12).
Segundo o Crescente Vermelho da Síria (Sarc), que também participou da operação, os pacientes estão sendo levados para hospitais da vizinha Damasco. A retirada está sendo possível graças a "longas negociações” intermediadas pelo presidente do Sarc e pelo presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
O Jaysh al-Islam, uma das principais fações da área, informou que se prepara para liberar vários prisioneiros, capturados durante combates, após um acordo fechado com o regime do presidente Bashar al-Assad. Os presos serão soltos em troca de 29 doentes graves de Ghouta Oriental.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que cinco pacientes graves foram levados nesta terça-feira à noite de Ghouta Oriental. Há dois dias, o observatório denunciou que centenas de pacientes precisavam sair imediatamente da região sitiada pelas forças governamentais, onde vivem 400 mil pessoas, sendo metade delas crianças.
Desnutrição
No início de dezembro, o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Staffan de Mistura, denunciou que, apesar do desesperado apelo de várias agências humanitárias para retirar 500 doentes graves da região, as autoridades sírias continuavam bloqueando o movimento. Ao menos 16 desses pacientes morreram, entre eles um bebê de nove meses, vítima de desnutrição.
Imagens de crianças com braços e rostos em pele e osso e relatos de mortes de civis por falta de assistência médica foram mostradas recentemente em negociações de paz em Genebra, conduzidas pelas ONU. De acordo com a ONU, uma em cada oito crianças de Ghouta Oriental está desnutrida – em maio, a proporção era de uma em cada 50.
"Nenhum ganho militar ou político poderia justificar esse sofrimento", disse o diretor para Oriente Médio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini, no início de dezembro.
Grupos de direitos humanos acusaram o governo de cometer crimes de guerra ao sitiar cidades como tática para levar a população local à fome e forçar grupos rebeldes a se render. A estratégia foi bem-sucedida em outras partes da Síria, mergulhada numa guerra civil desde 2011. O conflito já deixou mais de 340 mil mortos.
Ghouta Oriental foi uma das primeiras áreas a ser tomada pelos rebeldes na sequência de protestos contra o governo. A região está sitiada por forças do regime desde 2013, mas túneis e contrabando garantiram o fluxo de alimentos e medicamentos.
LPF/efe/rtr/ap/lusa
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