Pais contestam resgate de meninas na Nigéria
22 de fevereiro de 2018Os pais da mais de cem meninas que sumiram no norte da Nigéria após um ataque do grupo jihadista Boko Haram afirmam nesta quinta-feira (22/02) que continuam sem conhecer o paradeiro das garotas, contestando desta maneira o anúncio de um suposto resgate feito pelas autoridades locais.
De acordo com os pais, 101 meninas estão desaparecidas há três dias. A declaração foi feita após o governo do estado de Yobe anunciar que algumas das estudantes haviam sido resgatadas.
Horas depois do anúncio do suposto regaste, o governo voltou atrás e confirmou aos moradores do vilarejo de Dapchi, onde ocorreu o ataque, que nenhuma das meninas foi resgatada. As autoridades locais, porém, evitam afirmam que as estudantes foram raptadas.
"As meninas se dispersaram durante o ataque e não podemos ter certeza se elas se perderam ou foram levadas. Não temos certeza de que os insurgentes do Boko Haram levaram as garotas", afirmou o porta-voz do governo de Yobe, Abdullahie Bego.
Ele disse ainda que ninguém viu as meninas sendo levadas pelos insurgentes. "É possível que elas pegaram carona para algum lugar", acrescentou.
Uma delegação do governo nigeriano se reuniu nesta quinta-feira na escola onde ocorreu o ataque e se encontrou com comandantes militares na região. O ministro da Informação, Lai Mohammed, disse apenas que não é possível afirmar exatamente quantas meninas estão desaparecidas. "Podemos dizer que nem todas retornaram", acrescentou.
Ataque em Dapchi
De acordo com testemunhas, os insurgentes do Boko Haram chegaram a Dapchi na segunda-feira de noite. Eles teriam ido direto para a escola e dispararam vários tiros. Várias alunas e professores fugiram do local e acabaram passando a noite escondidos no mato.
Inicialmente, a polícia negou que houvesse desaparecimentos, mas, após a imprensa nigeriana noticiar sobre o caso, as autoridades confirmaram o sumiço das meninas. Apesar de o governo evitar em falar em sequestro, testemunhas afirmaram que viram meninas chorando sendo levadas pelos insurgentes.
Se confirmado o rapto, esse pode ser o maior sequestro de meninas no país pelos extremistas desde o rapto de 276 garotas em Chibok, em 2014. Quase três anos após o sequestro, cerca de 100 meninas continuam nas mãos do Boko Haram. Outras conseguiram escapar ou foram resgatadas emuitas foram libertadas após negociações do grupo com o governo.
As meninas de Chibok tornaram-se um símbolo de dezenas de milhares de pessoas ainda retidas pelo Boko Haram, que usa os raptos em massa para recrutar extremistas. O grupo adquiriu notoriedade internacional ao estabelecer um califado islâmico no norte da Nigéria. Depois, declarou lealdade ao "Estado Islâmico".
Mais de 20 mil pessoas morreram e 2 milhões foram obrigadas a deixar suas casas na Nigéria desde o início da insurgência do Boko Haram, em 2009.
CN/ap/rtr/afp
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