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Palavras não solucionam problema do Oriente Médio

Peter Philipp (av)17 de julho de 2006

Analista político da Deutsche Welle critica o posicionamento do G8 quanto ao conflito na região. E sugere o que as maiores potências ocidentais podem fazer para amenizar a situação.

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Palestinas choram rapaz de 18 anos, morto por tanque palestinoFoto: AP

Chega mesmo a ser constrangedor o fato de, só com grande esforço, os representantes dos mais poderosos Estados do mundo, reunidos em São Petersburgo, haverem concordado sobre um apelo comum pelo apaziguamento no Oriente Médio. Um apelo que permaneceu sem efeito, até o momento, à maneira característica das Nações Unidas: quando as resoluções não são impedidas por veto, simplesmente não são acatadas pelos destinatários.

Pelo menos o G8 conseguiu discernir os responsáveis pela escalada dos últimos dias: a crise haveria sido desencadeada por "forças extremistas", com o fim de desestabilizar a região. Tal crítica ao Hamas e ao Hisbolá é então complementada pelo pedido a Israel de que cesse suas ofensivas contra Gaza e o Líbano.

Uma tentativa de mostrar comedimento, mas que redunda numa admissão da própria impotência. A alternativa seria os mais poderosos do mundo – cada qual à sua melhor maneira – chamarem os antagonistas à falas.

Ação conseqüente

Assim, os EUA não deveriam simplesmente atestar o direito de Israel à autodefesa, como pressioná-los para que se moderem. A Rússia deveria fazer uso de suas boas relações com Damasco e Teerã, a fim de que estes moderem o Hisbolá, em vez de continuar a incitá-lo. E os europeus poderiam fortalecer as costas do governo libanês, de forma que este talvez ainda possa enviar suas forças militares ao sul do país, para render o Hisbolá.

Nenhuma destas medidas garante sucesso, porém enquanto não sejam experimentadas, a continuação da escalada é certa. Uma escalada que não serve a ninguém, já que não há quem possa vencer essa confrontação militar. Um dia ambos os lados estancarão exaustos e lambendo as próprias feridas.

Pois mesmo com seu novos mísseis o Hisbolá não destruirá Israel, a fim de – como pretende o grupo radical – "poder libertar Jerusalém". E Israel não pode expulsar o Hisbolá: ao contrário da Organização para a Libertação da Palestina em outras épocas, o Hisbolá pertence ao Líbano, ele não é um corpo estranho. Igualmente impossível é Israel expulsar o Hamas dos territórios palestinos.

Mãos à obra

Só haverá uma solução quando – tanto do lado palestino como libanês – governos responsáveis e com força suficiente assumirem o poder, impondo calma e ordem. Não como "xerife assistente" de Israel, mas em interesse próprio: calma e ordem farão bem a todos. Em especial à tão sofrida população civil da Palestina e do Líbano.

Mas tal não se alcançará apenas com palavras. É preciso que todos ponham mãos à obra. Não apenas o G8, ONU e UE, como também os Estados árabes e as forças por trás do Hamas e do Hisbolá: a Síria e o Irã.