Pandemia eleva pressão por adiamento da Olimpíada de Tóquio
22 de março de 2020Crescem os apelos de organizações esportivas para que a Olimpíada de Tóquio deste ano seja adiada por causa da pandemia de coronavírus. Entre os últimos a se posicionarem pelo adiamento estão a a federação de atletismo dos Estados Unidos USA Track and Field (USATF), a Federação Francesa de Natação e o Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Neste domingo (22/03), o Comitê Olímpico do Canadá anunciou que não enviará nenhum atleta para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio. A associação internacional de atletas Global Athlete se juntou ao coro. "Enquanto o mundo se une para limitar a propagação do vírus da covid-19, o COI e o IPC devem fazer o mesmo ", afirmou a entidade, se referindo ao Comitê Olímpico Internacional e ao Comitê Paralímpico Internacional.
"O esporte tem o dever de proteger seus atletas. A saúde pública deve ser uma prioridade sobre eventos de esporte", acrescenta a nota. "Os atletas querem fazer parte de uma solução para garantir que os Jogos Olímpicos se tornem um sucesso", prossegue o comunicado. "Sob as restrições globais atuais, que limitam reuniões públicas e fecham locais de treinamento e fronteiras, os atletas não têm a condições de se preparar adequadamente para os Jogos. A saúde e segurança deles devem estar em primeiro lugar."
O COI e os organizadores de Tóquio 2020 ainda insistem em manter a data do evento, planejado para ocorrer de 24 de julho a 9 agosto, apesar de Europa e EUA estarem em plena luta para controlar a propagação do coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou neste domingo que não reivindicará a suspensão dos jogos. Um porta-voz da entidade afirmou que "esta não é função da OMS", segundo a agência de notícias DPA. "Qualquer decisão de adiar um evento internacional já planejado deve ser baseada numa avaliação cuidadosa dos riscos", ressaltou, frisando também que a OMS coopera há tempos com "organizações internacionais relevantes, como o COI".
Em carta à presidente do Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC), Sarah Hirshland, o USATF pediu para que o órgão use sua voz para "falar pelos atletas".
O executivo-chefe da USTAF, Max Siegel disse que entende as implicações de adiar os Jogos Olímpicos pela primeira vez em tempos de paz, mas ressaltou que seguir em frente não é do melhor interesse dos atletas. "Reconhecemos que não há respostas perfeitas e que essa é uma decisão muito complexa e difícil, mas essa posição (adiar a Olimpíada) pelo menos fornece aos atletas o conforto de saber que terão tempo suficiente para se preparar adequadamente fisicamente, mental e emocionalmente para participar de Jogos Olímpicos seguros e bem-sucedidos ", escreveu.
A federação de natação dos EUA escreveu ao USOPC na sexta-feira pedindo um adiamento de um ano, com o CEO da entidade, Tim Hinchey, frisando: "Vimos o mundo de nossos atletas virar de cabeça para baixo".
A Federação Francesa de Natação divulgou um comunicado dizendo que enviar seus atletas aos Jogos Olímpicos é "insustentável" à luz da crise da saúde que varre o mundo. "A federação acredita que a prioridade é combater a propagação da epidemia e que o contexto atual não nos permite prever calmamente o bom andamento dos Jogos Olímpicos de 2020", afirmou, acrescentando ser impossível garantir a equidade na competição quando atletas são impedidos de treinar devido aos esforços para conter a propagação do vírus.
Um dia antes, o UK Athletics, órgão responsável pelo atletismo no Reino Unido, argumentou que a Olimpíada dever ser adiada para poupar os atletas do estresse de tentar treinar em meio a uma pandemia que já matou mais de 12 mil pessoas.
Em nota divulgada neste sábado, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) defendeu que os Jogos Olímpicos de Tóquio sejam transferidos para 2021, para o mesmo período do ano. "Como judoca e ex-técnico da modalidade, aprendi que o sonho de todo atleta é disputar os Jogos Olímpicos em suas melhores condições. Está claro que, neste momento, mantes os jogos para este ano impedirá que esse sonho seja realizado em sua plenitude", escreveu o presidente da entidade, Paulo Wanderley.
Sugerindo um atraso de um ano, ele sublinhou que o COI tem experiência em lidar com obstáculos, citando os cancelamentos em 1916, 1940 e 1944, por causa das guerras mundiais, e dos boicotes políticos aos jogos em Moscou em 1980 e Los Angeles em 1984.
O Comitê Olímpico e Paralímpico e Confederação de Esportes da Noruega (NIF) escreveu ao chefe do COI, Thomas Bach, pedindo que os jogos sejam adiados, mesmo que até lá a pandemia esteja sob controle no Japão. "Dada a situação amplamente não resolvida na Noruega e em grandes partes do mundo, não é justificável ou desejável enviar atletas noruegueses à Olimpíada ou Paraolimpíada em Tóquio até que a comunidade mundial tenha deixado essa pandemia para trás", afirmou a presidente da Confederação de Esportes, Berit Kjoll.
MD/rtr/dpa
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