Papa nomeia primeira mulher para votar no Sínodo dos Bispos
7 de fevereiro de 2021Num gesto de abertura a uma maior participação feminina no Vaticano, o papa Francisco escolheu pela primeira vez uma mulher para a subsecretaria do Sínodo dos Bispos.
A freira francesa Nathalie Becquart, nascida em Fontainebleau em 1969, terá direito a voto no grupo de bispos, que desde 1965 é encarregado de analisar grandes questões de doutrina da Igreja Católica e aconselhar o pontífice.
Becquart, que já atuava como consultora do órgão desde 2019, foi nomeada neste sábado (06/02) ao lado do padre espanhol Luis Marín de San Martín, que ocupará o mesmo cargo.
O secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o cardeal Mario Grech, afirmou que a nomeação sinaliza o desejo do papa "por uma maior participação das mulheres no processo de discernimento e tomada de decisões na Igreja".
"Nos últimos sínodos, aumentou o número de mulheres que participaram como especialistas ou ouvintes. E com a nomeação da irmã Nathalie Becquart e sua possibilidade de participar nas votações uma porta foi aberta", afirmou Grech.
O sínodo é composto por bispos e cardeais que podem votar nas decisões tomadas pelo grupo, e também por especialistas que não votam. Em 2019, um sínodo especial sobre a Amazônia teve 35 mulheres convidadas, mas nenhuma teve direito a voto.
Há anos, as mulheres católicas pedem não só uma maior participação feminina no Sínodo dos Bispos, mas também que lhes seja permitido votar, uma vez que fazem parte da mesma Igreja. A próxima reunião do órgão está marcada para o segundo semestre de 2022.
Becquart, de 52 anos, estudou filosofia, sociologia e teologia, fez mestrado em administração na prestigiosa Escola de Altos Estudos Comerciais de Paris (HEC Paris) e se especializou em eclesiologia em Boston, nos Estados Unidos.
Mulheres com novas funções na Igreja
O papa argentino já vinha sinalizando seu desejo de que mulheres e leigos desempenhem um papel mais importante na Igreja Católica.
Em janeiro, Francisco modificou o Código de Direito Canônico e autorizou a abertura dos ministérios do Leitorado e do Acolitado a mulheres leigas, o que significa que elas poderão fazer leituras, ajudar no altar durante as missas e distribuir a comunhão. Entretanto, elas ainda estão proibidas de se tornarem sacerdotisas.
No motu proprio (documento pontifício), o papa autorizou a revisão de um documento de São Paulo 6º, de 1972, que só permitia aos homens receber os dois ministérios.
O leitor é o encarregado da leitura da "palavra de Deus" nas cerimônias eclesiásticas, enquanto o acólito auxilia o diácono e o sacerdote no altar e também pode distribuir a comunhão, entre outras funções.
Dessa forma, o papa oficializou algo que já acontecia na prática em muitas partes do mundo. Embora as mulheres já desempenhem esses ministérios em lugares onde faltam padres ou sacerdotes, a institucionalização dessa prática foi aprovada no Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, em 2019.
ek (Reuters, AFP, DPA, Lusa, ots)