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Religião

Papa pede perdão por papel da Igreja no genocídio em Ruanda

20 de março de 2017

Francisco reúne-se com o presidente ruandês e condena participação de padres e religiosos no genocídio em 1994. Massacre contra tutsis matou quase um terço da população do país africano.

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Papa Francisco recebeu o presidente ruandês Paul Kagame no Vaticano
Papa Francisco recebeu o presidente ruandês Paul Kagame no VaticanoFoto: Reuters/T. Gentile

O papa Francisco pediu perdão nesta segunda-feira (20/03) pelo papel da Igreja Católica no genocídio em Ruanda, em encontro com o presidente ruandês, Paul Kagame, no Vaticano.

O pontífice "implorou perdão a Deus pelos pecados e falhas da Igreja e de seus membros, entre eles padres, religiosos e religiosas que sucumbiram ao ódio e à violência, traindo sua própria missão evangélica", afirmou o Vaticano em comunicado. Ele ainda "expressou solidariedade às vítimas e às pessoas que seguem sofrendo as consequências daqueles trágicos acontecimentos".

A atitude de Francisco, que se reuniu nesta segunda-feira por cerca de 20 minutos a portas fechadas com Kagame, segue um pedido feito em novembro passado pelo governo ruandês para que a Igreja se desculpasse novamente por seu papel no massacre – João Paulo 2º, durante o Grande Jubileu de 2000, foi o primeiro a pedir perdão por tais horrores cometidos no país africano.

O presidente de Ruanda – onde cerca da metade da população é atualmente católica – exaltou a atitude do pontífice. "Ser capaz de reconhecer e se desculpar por erros cometidos em tais circunstâncias é um ato de coragem e alta reputação moral", afirmou Kagame no Twitter. Segundo ele, o encontro no Vaticano iniciou um novo capítulo nas relações entre Ruanda e a Santa Sé.

O genocídio em Ruanda, perpetrado em 1994 pela maioria hutu contra a minoria tutsi, deixou cerca de 800 mil mortos – quase um terço da população de Ruanda. Na ocasião, igrejas se tornaram palco de assassinatos em massa quando combatentes hutus encontravam tutsis que buscavam refúgio ali. Segundo acusações, muitas das vítimas eram entregues pelos próprios padres católicos.

EK/rtr/afp/ap/lusa/ots