Para que servem os testes de anticorpos do coronavírus
28 de maio de 2020Embora há semanas vigorem na Rússia toques de recolher severos, voltou a crescer o número de novos casos de covid-19: apenas no último sábado (23/05), as autoridades registraram mais de 9.400 contágios. Agora pretende-se aplicar testes de anticorpos em massa para avaliar melhor o desenrolar do surto. A Itália também aposta nessa estratégia a fim de obter uma estimativa real do número de infectados.
A partir de uma pequena amostra de sangue, os testes serológicos (ELISA) permitem verificar se o organismo desenvolveu dois anticorpos específicos: as imunoglobinas IgM e IgG, indicando que já enfrentou uma infecção com o vírus Sars-Cov-2.
Assim, mesmo quem apresentou sintomas fracos, ou nenhum, da moléstia respiratória fica sabendo se está imunizado contra o novo coronavírus: Teoricamente, tais indivíduos poderiam ser úteis na assistência médica aos pacientes de covid-19, pois seu risco de um novo contágio seria pequeno.
No entanto, grande parte dos testes serológicos tem uma especificidade de apenas 99%. Isso parece muito, mas neste caso deixa uma margem de erro problemática, pois significa que 1% dos pacientes positivos podem ter sido contaminados com uma outra variedade de coronavírus.
No fenômeno denominado "reação cruzada", essa falta de especificidade dos exames se faz notar mais onde o número de casos de covid-19 é relativamente pequeno, comparado à população, do que se uma grande parcela dos habitantes já sofreu da doença.
Por exemplo, se o teste serológico é realizado num país em que 50% da população já está infectada, de cada 50 resultados positivos apenas um estaria errado. Contudo, se apenas um habitante em cada mil teve realmente covid-19, de dez supostos positivos nove podem ser falsos.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, em 28 de maio de 2020 a Rússia apresentava 379 mil infecções de coronavírus confirmadas. Numa população de 150 milhões, a falta de especificidade dos exames pode ser realmente relevante.
Ainda assim, faz sentido submeter ao teste serológico o maior número possível de cidadãos, tanto para determinar o possível volume de casos não detectados quanto para avaliar melhor o histórico da doença. Certos fabricantes já oferecem testes com precisão de quase 100%.
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