Mobilidade ecológica
6 de agosto de 2010Paris pretende lançar em setembro do próximo ano o Autolib, um programa de compartilhamento de carros elétricos – em que os usuários utilizam e deixam o automóvel para rodar na cidade –, aumentando assim a lista de medidas ecologicamente corretas da capital francesa.
O desafio está em superar os mesmos problemas que a cidade enfrenta no programa de compartilhamento de bicicletas. O Autolib, nome do programa de compartilhamento de carros elétricos, iniciará com uma frota de 3 mil carros disponíveis para aluguel e mais de mil pontos de recarga de bateria espalhados pela capital francesa.
"Existem muitas pessoas que realmente precisam de carro e, com o Autolib, eles o terão", afirmou Annick Lepetit, da secretaria de Transportes. "A vantagem é que será muito mais barato e menos estressante, pois as pessoas poderão pegá-lo em um ponto da cidade e devolvê-lo em qualquer lugar, sem se preocupar com estacionamento."
A proposta de compartilhamento de carros segue as mudanças na política de transporte dos últimos 10 anos, que estabeleceu uma queda de 25% no tráfego da capital francesa. Essas mudanças incluem o aumento na oferta de transporte público, nas restrições aos automóveis e a implementação do Velib, programa de compartilhamento de bicicletas iniciado em 2007.
Mesmas vantagens, mesmos problemas
Enquanto políticos como Lepetit esperam que o Autolib obtenha o mesmo sucesso do programa de bicicletas, o compartilhamento de carros também recebe críticas: cerca de 8 mil das 20 mil bicicletas do programa foram roubadas ou seriamente danificadas.
O programa com carros também traria questões que vão além do vandalismo, afirma Bill Moore, editor da EV World, revista online sobre veículos elétricos. "Eu acredito que a última coisa que as pessoas querem é ver esses carros parados nas ruas ou subúrbios de Paris, precisando de reboque para serem recarregados", diz.
Apesar disso, Moore acha que a tecnologia dos carros elétricos está pronta para estrear e que o programa Autolib poderia ser um modelo para outras cidades, desde que os problemas conhecidos sejam superados.
Parisienses "não civilizados"?
Carol Levy, habitante de Paris, divide a opinião de Moore. Ela diz que pessoas com crianças precisam de carros e acha que o programa é uma boa ideia na teoria, mas que os parisienses podem representar um obstáculo: "Manter o material do Velib e do Autolib em boas condições parece ser um problema real. Eu não acho que o povo de Paris seja civilizado o suficiente para isso – ou talvez os franceses tenham uma falta de senso cívico", alega.
O sucesso do programa dependerá de como ele será administrado e por quem. Atualmente, quatro licitantes concorrem para operar o Autolib, que será estruturado como uma parceria público-privada com a cidade de Paris. Ela inclui a empresa de aluguel de carros Avis e a operadora ferroviária francesa SNCF.
Políticos da cidade disseram que aprenderam lições importantes da Velib e que no sistema Autolib será muito mais difícil violar ou roubar.
Autora: Eleanor Beardsley (jd)
Revisão: Roselaine Wandscheer