Parlamento britânico aprova lei que impede Brexit sem acordo
4 de setembro de 2019O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sofreu nova derrota nesta quarta-feira (04/09) ao perder duas votações no Parlamento britânico sobre um projeto de lei suprapartidário para adiar o Brexit, para evitar a saída sem acordo da União Europeia (UE), em 31 de outubro.
O texto, que pode atrasar o Brexit por três meses, foi aprovado por 329 votos a 300 numa primeira votação, e por 327 votos a 299 numa segunda fase. O projeto ainda precisa do aval da Câmara dos Lordes (câmara alta do Parlamento) para se tornar lei.
A legislação determina que Johnson peça ao bloco europeu que adie o Brexit para 31 de janeiro, a menos que o Parlamento britânico aprove um novo acordo ou vote por um Brexit sem acordo até 19 de outubro.
A nova derrota do governo ocorre um dia depois que os deputados desafiaram Johnson logo na primeira votação parlamentar enfrentada por ele enquanto chefe de governo. A oposição venceu uma votação preparatória na noite de terça-feira, com a ajuda de 21 parlamentares rebeldes do Partido Conservador, que foram então expulsos da legenda governista, como ameaçara antes o premiê.
Antes disso, o governo perdera a maioria parlamentar, com a passagem de um deputado do Partido Conservador para a oposição.
Johnson insistiu que o Reino Unido tem que deixar a UE como o planejado, em 31 de outubro, com ou sem acordo de divórcio com Bruxelas.
"Nunca vou permitir que isso aconteça", afirmou o premiê diante dos deputados, se referindo aos planos de adiamento. Segundo ele, o projeto de lei fará com que o país se "renda" a Bruxelas, entregando à UE o controle sobre as negociações.
Moção por eleições antecipadas
Uma moção prevendo eleições antecipadas encaminhada por Boris Johnson também fracassou, obtendo apenas 298 votos – quantia muito aquém dos 434 necessários (dois terços dos deputados) para aprovação da medida. Apenas 56 parlamentares votaram a favor.
A maioria dos oposicionistas do Partido Trabalhista se absteve. Eles queriam assegurar que novas eleições somente aconteçam quando Johnson descartar definitivamente um Brexit sem acordo em 31 de outubro e concordar com um adiamento do prazo de saída da UE até o fim de janeiro de 2020.
O primeiro-ministro insiste em manter em aberto a opção do no deal (divórcio sem acordo com a UE), na tentativa de forçar Bruxelas a fazer concessões de última hora e aceitar um acordo que seja mais favorável economicamente ao Reino Unido.
A decisão do premiê, na semana passada, de suspender as atividades do Parlamento britânico por cinco semanas, a partir de 10 de setembro, acirrou ainda mais as tensões e gerou uma onda de protestos pelo país. Muitos acusam Johnson de atentar contra a democracia.
A manobra deixa os parlamentares pró-UE com poucos dias para tentar impedir uma ruptura dolorosa com a União Europeia. Em recesso de verão desde 25 de julho, o parlamento britânico retomou suas atividades na terça-feira e será suspenso novamente na próxima terça-feira.
Desde que assumiu o cargo em julho, após a renúncia de sua antecessora, Theresa May, Johnson promoveu uma reviravolta nas tradições políticas do país e inflamou os ânimos tanto das correntes favoráveis quanto das contrárias ao Brexit.
MD/afp/lusa
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