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Parlamento Europeu confirma Barroso

lk22 de julho de 2004

Apesar de incertezas, José Manuel Durão Barroso, foi eleito para presidir a Comissão Européia. O ex-primeiro-ministro de Portugal demonstrou independência e conseguiu convencer alguns céticos.

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Eleito com 60% dos votos: Durão BarrosoFoto: AP

Já a sua nomeação para concorrer ao cargo tinha sido difícil. Somente em fins de junho, numa conferência de cúpula extraordinária, os chefes de governo e de Estado dos países-membros conseguiram chegar a um consenso quanto ao nome de José Manuel Durão Barroso para presidente da Comissão Européia.

Sua eleição pelo Parlamento Europeu – tida inicialmente como certa – balançou na última hora, depois que social-democratas e verdes se recusaram a declarar confiança no conservador português. No entanto, a votação em Estrasburgo, nesta quinta-feira (22/07), resultou numa maioria surpreendente para o ex-primeiro-ministro de Portugal. De um total de 708 votos válidos, 413 foram a favor, 251 contra; 44 parlamentares abstiveram-se.

Em meio a sua alegria com o resultado, Barroso foi conciliador, confirmando declaração que já fizera antes e segundo a qual está disposto a cooperar com todos, a fim de "criar uma parceria pela Europa. Uma parceria em prol da prosperidade, da solidariedade e da segurança em nosso continente". "Precisamos de uma coalizão dinâmica, a fim de levarmos a União Européia para a frente", acrescentou.

Enfrentando os grandes

Barroso certamente conseguiu pontos ao se posicionar contra a idéia – defendida pela Grã-Bretanha, França e principalmente Alemanha – de criação de um supercomissário, responsável por questões econômicas, porém com o poder de ingerir-se em outros setores quando necessário.

"Não quero nenhum supercomissário, quero 24 supercomissários – mas que trabalhem numa atmosfera de coleguismo". A demonstração de independência em relação aos governos dos grandes agradou aos parlamentares e, com certeza, também aos menores integrantes do bloco.

Iraque, o principal senão

Grande parte da bancada socialista votou contra o político português, embora conste que existisse um pacto de que votariam a seu favor, em troca da eleição do socialista espanhol Josep Borrell para presidente do Parlamento Europeu. O pomo da discórdia para socialistas e verdes é a posição de Barroso na crise do Iraque, quando se alinhou com os Estados Unidos, como chefe de governo de Portugal. O que eles criticam em especial é que ele nunca tenha se distanciado, considerando o que se sabe hoje a respeito dos motivos que levaram norte-americanos e britânicos à intervenção militar.

Barroso replica que não tem sentido ficar discutindo sobre quem tinha razão. O importante seria chegar a uma harmonia dentro da comunidade que permitisse à União Européia apresentar-se com uma só voz no Conselho de Segurança da ONU.

O novo presidente do órgão executivo da UE vai assumir seu cargo em 1º de novembro. Até fins de agosto, ele quer ter pronta sua lista de 24 comissários – entre os quais pretende nomear oito mulheres – e de suas respectivas atribuições. A Alemanha deverá estar representada na Comissão por Günter Verheugen, que coordenou a ampliação do bloco para o Leste Europeu, concluída em maio deste ano.