Parques nacionais reabrem em meio à crise do teto da dívida nos EUA
12 de outubro de 2013Apesar da paralisação parcial do funcionalismo público nos Estados Unidos, o principal cartão-postal do país pode receber novamente os visitantes. Depois de uma pausa forçada de quase duas semanas, a Estátua da Liberdade deverá reabrir neste fim de semana, afirmou o governador de Nova York, Andrew Cuomo.
Desde o início da briga entre republicanos e democratas em torno do orçamento para o ano fiscal de 2014, todos os parques nacionais se encontravam fechados. "O fechamento teve um efeito terrível sobre a economia e o turismo locais", afirmou o governador de Nova York.
"Cada dia com a ilha fechada é uma dia em que perdemos visitantes, que são tão importantes para nossa economia", disse o governador, afirmando que seu estado não tem alternativa: "Nós não deixaremos que o símbolo internacional da liberdade continue fechado somente devido ao fracasso e à inércia em Washington."
O estado de Nova York anunciou que irá assumir os custos dos servidores públicos do Parque Nacional da Ilha da Liberdade, no valor de 61.600 dólares diários. Um acordo semelhante foi encontrado para o Parque Nacional Monte Rushmore, onde estão os famosos bustos esculpidos em pedra dos presidentes Washington, Jefferson, Lincoln e Roosevelt, como também para o Parque Nacional do Grand Canyon, no estado do Arizona, informou o Departamento do Interior, em Washington.
Inadimplência estatal
Além da disputa em torno do orçamento fiscal de 2014, republicanos e democratas têm um prazo até a próxima quinta-feira (17/10) para aprovar a elevação do teto da dívida pública americana, que hoje é de 16,7 trilhões de dólares. Depois dessa data, os especialistas calculam que os EUA ainda poderão pagar suas contas por duas semanas, antes de entrar em insolvência.
Apesar de o prazo estar expirando, ainda não se encontrou uma saída para a situação. Em seu programa semanal de rádio, o presidente Barack Obama rejeitou a proposta dos republicanos de uma elevação temporária do teto da dívida. Obama disse neste sábado (12/10) que "não seria inteligente" elevar o teto de endividamento por dois meses e, no meio das compras de Natal, enfrentar a ameaça da inadimplência estatal.
Em consequência, não somente os mercados globais iriam desabar, mas também obter empréstimos ficaria mais caro para todos os americanos, advertiu Obama. Anteriormente, nem a reunião emergencial de crise entre Obama e diversos senadores republicanos nem o telefonema entre o presidente americano e o líder da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, conseguiram chegar a uma solução.
Toma lá, dá cá
Em contrapartida à elevação temporária que adiaria por seis semanas a inadimplência dos EUA, os republicanos na Câmara dos Representantes exigiam um orçamento interino para o ano fiscal que começou em 1° de outubro último, de forma a acabar com a paralisação de parte dos serviços públicos, como também para forçar cortes nos gastos estatais, principalmente no setor de bem-estar social. Aparentemente, reduções na reforma do setor da saúde, conhecida por Obamacare, estão em segundo plano.
Segundo o jornal Washington Post, os conservadores, que dominam a Câmara dos Representantes, desistiram de querer adiar a reforma do sistema de saúde e pedem agora somente concessões relativamente pequenas, entre elas, um adiamento de dois anos dos impostos sobre equipamentos medicinais.
Antes de aceitar qualquer negociação, Obama, por sua vez, exige a elevação incondicional do teto da dívida pública e um fim do fechamento parcial do governo federal. Após o telefonema com Boehner, um porta-voz de Obama declarou que "eles estão de acordo que todos devem continuar a conversar".
Republicanos na mira
Especialistas acreditam que a solução possível para os atuais impasses deverá ser uma elevação de curto ou médio prazo do teto da dívida, acompanhada de um vago acordo com vista à limitação dos gastos estatais, como também de programas sociais.
Encontrar uma solução rápida para as disputas também é de interesse dos republicanos. Segundo uma pesquisa de opinião da agência de notícias Reuters/Instituto Ipsos, um terço dos americanos responsabiliza os republicanos pela briga com os democratas.
Em encontro dos ministros de Finanças do grupo das 20 economias mais poderosas do mundo (G20), os ministros exigiram dos EUA em Washington que agissem "com urgência" para resolver suas "inseguranças fiscais". Também o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, alertou para as consequências de uma inadimplência e criticou os EUA pela duradoura disputa fiscal.
CA/afp/dpa/rtr