Partido anti-União Europeia avança em eleições municipais britânicas
4 de maio de 2013O antieuropeu Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) conquistou uma surpreendente dianteira das eleições locais britânicas desta quinta-feira (02/05). No pleito que cobriu 40% do eleitorado nacional, os eurocéticos liderados por Nigel Farage obtiveram 139 assentos nos conselhos municipais, nos quais antes detinham apenas oito.
O resultado aumenta a possibilidade de que o Ukip venha a enfrentar o Partido Conservador, do governo, nas eleições legislativas de 2015. Estavam sendo disputados, ao todo, 2 mil assentos em 35 administrações locais da Inglaterra e do País de Gales.
A facção do primeiro-ministro David Cameron perdeu a maioria em dez conselhos, mas manteve 18. Apesar das pesadas perdas eleitorais, os Tories ainda ficaram 1.116 assentos, sobretudo nas áreas rurais conservadoras – mais do que qualquer um dos concorrentes. Segundo a emissora BBC, o comparecimento às urnas foi de 31%.
Pressão direitista sobre Cameron
Da agenda do Partido da Independência consta a saída do Reino Unido da União Europeia, assim como o fim do que chamam de política de imigração "de portas abertas" do país. Nigel Farage, que é deputado do Parlamento Europeu, comentou que o resultado divulgado nesta sexta-feira "emite uma onda de choque pelo establishment afora".
"Que entrem os palhaços", zombou o direitista, falando à TV britânica Sky News. "Temos sido insultados por todo o mundo, atacados pelo establishment em peso, que fez todo o possível para impedir as pessoas decentes de irem votar no Ukip. Mas elas o fizeram em grande, grande número."
No passado, numa declaração notória, David Cameron menosprezara os eurocéticos como "doidos, malucos e racistas enrustidos". No entanto, após o pleito municipal, o premiê enfatizou ser importante "mostrar respeito pelas pessoas que fizeram a escolha de apoiar esse partido".
Embora seja improvável que a legenda antieuropeia venha a dominar qualquer um dos conselhos municipais britânicos, as vitórias do Ukip podem colocar o partido Tory sob a pressão da direita. O premiê Cameron já prometeu, para depois do pleito de 2015, um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia.
AV/rtr/dpa