Eleições na Tunísia
28 de outubro de 2011O partido islâmico moderado Ennahda conquistou 90 das 217 cadeiras da Assembleia Constituinte tunisiana, de acordo com o resultado oficial divulgado na madrugada desta sexta-feira (28/10) na capital Túnis. O partido conseguiu 41,47% dos votos nas eleições realizadas no domingo passado.
Sem a maioria absoluta, o Ennahda agora terá de buscar o apoio de outros partidos. De acordo com a comissão eleitoral, a segunda agremiação mais votada foi o Congresso para a República (CPR), de centro-esquerda, liderado pelo professor de medicina Moncef Marzouki, que conseguiu 30 cadeiras. A seguir vem o partido social-democrata Ettakatol, com 21 cadeiras.
Coalizão em vista
Membros do Ettakatol negociam agora com o Ennahda a formação de um novo governo de transição. Um porta-voz do Ennahda disse que o partido também tentará contato com todos os outros partidos políticos e que o objetivo é estabelecer um governo de unidade nacional.
Os deputados deverão elaborar uma nova Constituição e designar o presidente, que nomeará, então, o chefe do governo de transição.
Críticos acusam o Ennahda e seu líder Ghannouchi de fundamentalismo e afirmam que o partido quer restringir os direitos das mulheres e a liberdade de expressão. Entretanto, até o momento não há sinais concretos de que isso venha a ocorrer. O próprio partido compara-se ao islâmico-conservador que governa a Turquia, o AKP, conhecido pelas suas posições moderadas.
Berço da Primavera Árabe
As eleições para a Assembleia Constituinte na Tunísia ocorreram nove meses depois da queda do antigo presidente Zine El Abidine Ben Ali. Tanto no país como no exterior, a votação foi considerada um importante teste para o movimento revolucionário em todo o mundo árabe.
Em janeiro, os tunisianos foram o primeiro povo da região a se rebelar contra seu governo autoritário, com sucesso. Como desde então os egípcios e líbios também derrubaram seus governantes havia anos no poder, a Tunísia é vista como o berço da Primavera Árabe.
O governo da Alemanha havia saudado a boa condução das eleições para a Assembleia Constituinte. Segundo o porta-voz do governo Steffen Seibert, esse seria um passo decisivo para ampliar a democracia e serviria de modelo para toda a região. Agora, afirmou Seibert, tudo depende de o país norte-africano se orientar pelos princípios do Estado de Direito, do pluralismo e dos direitos humanos.
Autor: Martin Schrader (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler