Partidos de direita retomam maioria no Senado francês
28 de setembro de 2014A oposição de direita na França retomou a maioria no Senado neste domingo (28/09), impondo mais uma amarga derrota ao presidente François Hollande e a seu Partido Socialista neste ano. Apenas três anos após a histórica guinada à esquerda da câmara alta do Parlamento francês, direitistas ganharão cerca de 20 novos assentos – e, com eles, a maioria absoluta, segundo resultados parciais das eleições.
O conservador União por um Movimento Popular (UMP), do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e seus aliados do União dos Democratas e Independentes (UDI), chegaram a 188 lugares, segundo contagem quase final dos votos da madrugada desta segunda-feira – 13 a mais do que o necessário para assegurar maioria.
O Partido Socialista e outros de esquerda perderam ao menos 20 cadeiras de sua bancada de 177 senadores.
A Frente Nacional (FN), de extrema-direita, deverá contar, pela primeira vez em sua história, com dois senadores – de acordo com a presidente da legenda, Marine Le Pen. "Estes resultados foram além do que esperávamos. A cada dia que passa, nossas ideias estão cada vez mais sendo adotadas pelo povo francês. Temos um grande potencial", comemorou Le Pen.
"Agora, só nos resta abrir uma única porta: a do Elysee (palácio presidencial)", comentou Stéphane Ravier, um dos senadores eleitos pela FN.
Com posições antieuropeias e anti-imigração, a legenda de extrema-direita vem crescendo em popularidade entre os franceses e colecionando vitórias nas urnas. Uma pesquisa de intenção de voto para presidente realizada em junho passado chegou até mesmo a trazer Marine Le Pen em primeiro lugar. As eleições presidenciais ocorrerão em 2017.
Terceira derrota em 2014
Já para os socialistas, o resultado significará a terceira derrota seguida este ano. Em março, o grupo de esquerda havia sofrido significativas perdas nas eleições municipais e, em maio, nas eleições europeias. Já era esperado que legendas socialistas e comunistas perdessem, agora, a maioria no Senado, conquistada três anos atrás.
A popularidade de Hollande caiu em nível recorde neste mês, com apenas 13% dos entrevistados dizendo-se satisfeitos com o desempenho do presidente, às voltas com tentativas de reerguer a economia francesa, que dá sinais de estagnação.
A derrota agora tem valor mais simbólico. Em comparação com a Assembleia Nacional, o Senado francês desempenha um papel bem menos relevante no processo legislativo. Quem dá a palavra final sobre um projeto de lei é a Assembleia Nacional – e, lá, a esquerda ainda tem maioria desde 2012.
No entanto, o Senado pode rejeitar projetos de lei, barrar emendas à Constituição ou ainda atrasar a adoção de leis, enviando-as de volta para a Assembleia Nacional para revisão. É ainda o presidente do Senado quem assume interinamente o governo caso o presidente francês morra ou deixe do cargo.
As eleições para senador na França ocorrem a cada três anos, quando metade das 348 vagas totais é colocada em votação. Elas são realizadas por meio indireto, ou seja, por um colégio eleitoral de 87.500 votantes – maioria formada por integrantes de conselhos municipais.
MSB/afp/rtr/dpa