Um policial como guia
14 de agosto de 2010A van preta está pronta. Cinco amantes da fotografia tomam lugar e preparam suas câmeras: as lentes são limpas, as objetivas apropriadas são escolhidas e as baterias são verificadas. A viagem pode começar. No volante está Uwe Klein, de 57 anos, um policial de corpo e alma que gosta de contar histórias relacionadas com a sua profissão: casos trágicos e fatais, mas também alguns engraçados.
Histórias de crimes em primeira mão
O passeio passa por atrações turísticas obrigatórias de Essen, como o complexo industrial da mina de carvão Zollverein – patrimônio da humanidade –, pelo Baldeneysee, o maior dos seis lagos do rio Ruhr, e pela mansão Hügel, da família Krupp.
Enquanto dirige, Klein gosta de contar histórias do lado negro da cidade: no caso, histórias policiais verdadeiras. Ele aponta para um restaurante chamado Kaleidoskop. "Há muitos anos houve ali uma tentativa de assassinato que até hoje não foi esclarecida", relata, acrescentando que uma cantora local gravou uma música que fala sobre o caso.
O passeio continua por um bairro rico, e Klein se recorda de mais uma história. "Em 1981 houve um terrível assassinato aqui nas redondezas. Uma jovem estudante desceu do trem e foi em direção à sua casa. Mas ela nunca chegou em casa. O assassino a espreitava escondido atrás de uma garagem e a menina foi morta por ele. O trágico da história é que o pai da menina encontrou o corpo."
Histórias como essa deixam marcas nos policiais, mas Klein aprendeu a lidar com essa situação ao longo dos anos. "Eu sempre contei o que acontecia, nunca guardei as histórias para mim. E tenho também uma esposa muito compreensiva, que sempre me ouviu", conta.
Todo o começo é difícil
Mas 40 anos de carreira policial também rendem histórias engraçadas. Quando o passeio passa diante da mansão Hügel, Klein conta sorrindo uma anedota de seus tempos de jovem policial. "Eu cheguei para fazer o meu turno e fui informado que deveríamos escoltar o primeiro-ministro persa. Ele viria de Düsseldorf e iria para a mansão Hügel. Era a primeira vez que eu vinha até aqui. E fui o único da escolta que errou o caminho. Dobrei à esquerda ali e tive depois de aguentar as piadas dos meus colegas."
Mais tarde, ele também acompanhou personalidades como Erich Honecker, Helmut Kohl e Wladimir Putin.
Interessante e real
O morador de Essen Peter Mühling participa pela segunda vez desse passeio especial. Ele ouve o policial com muita curiosidade e acaba esquecendo de tirar fotos.
Também a moradora Pascale Kähne gosta dos passeios guiados por Klein. É a segunda vez que ela participa de um. "Acho interessante justamente porque essas histórias são verdadeiras", diz, enquanto se concentra para tirar fotos da mansão.
Depois de seis horas, o passeio chega ao fim. Os participantes estão satisfeitos. Klein também. Ele pensa agora se não deveria escrever um livro com as suas histórias.
Autor: Murat Koyuncu (jd)
Revisor: Alexandre Schossler