Lucro da bola
27 de junho de 2011Há cinco anos, centenas de milhares de torcedores do futebol de todos os cantos do planeta desembarcaram na Alemanha para acompanhar de perto a Copa do Mundo masculina de 2006.
Os alemães ainda trazem na memória o clima de festa e alegria que tomou conta do país enquanto a bola rolava nos gramados. É grande a expectativa de que a festa da alegria se repita também no Mundial feminino que está acontecendo na Alemanha, mas não no campo dos negócios.
O economista Henning Vöpel, diretor da área de pesquisa Esporte e Economia no Instituto Internacional de Economia de Hamburgo, acredita que o volume de negócios no Mundial feminino será menor que o de 2006, no campeonato masculino.
"A copa feminina acontece em uma dimensão menor, com isso o impacto na economia também deverá ser reduzido. Quase ninguém deverá alterar seus hábitos de consumo. As férias de verão [na Europa] devem começar na normalidade de sempre. Bem diferente do que aconteceu no Mundial masculino", avalia Vöpel.
Segundo ele, mesmo com a Copa de 2006, a economia alemã não sofreu grandes impactos – houve uma ligeira queda no número de desempregados, "mas isso não se manteve por muito tempo".
Se o número de visitantes na Copa de Futebol Feminino é bem menor do que o de cinco anos atrás, não se deve subestimar, porém, o significado do campeonato para os patrocinadores.
O Mundial feminino é considerado uma excelente plataforma de marketing. Os grandes patrocinadores, que fazem questão de se divulgarem como 'Parceiros oficiais', acabam faturando um espaço precioso na mídia. "Isso é o que a Copa feminina oferece: o alcance, o acesso aos seus consumidores", explica Vöpel.
Imagens associadas
A Copa feminina tem um bom apelo comercial, de associação da imagem. O pesquisador de Hamburgo usa como exemplo o futebol feminino e a companhia aérea: "Algumas características [da empresa aérea] são associadas ao esporte – o dinamismo, a juventude e o caráter internacional. Estas são características que se encaixam bem a uma companhia aérea e com as quais ela gostaria de ser associada", diz Vöpel.
"Para nós, a parceria com a Federação Alemã de Futebol é bastante interessante. A modalidade tem um grande número de adeptas na Alemanha, e também fora do país. Por isso também queremos estar presentes nesse meio", explica Boris Ogursky, porta-voz da Lufthansa.
Ele ressalta que o sucesso do futebol da Alemanha é garantia de grande atenção internacional para a empresa patrocinadora. "Se a seleção alemã de futebol, seja a masculina ou a feminina, começa a ganhar, todo o país fica de olho na competição", afirma Ogursky.
Neste Mundial, a Lufthansa não pretende oferecer voos extras. Segundo o planejamento inicial, os voos disponíveis serão suficientes para transportar todos os torcedores que quiserem assistir aos jogos na Alemanha.
A companhia também não conta com grande aumento dos lucros por conta da movimentação com os jogos. "Mas provavelmente teremos passageiros adicionais em nossos voos", acredita o porta-voz.
Menor porte
Vöpel está convencido de que vale a pena investir em uma competição como a Copa feminina. "É só pensar que as seleções dos Estados Unidos, da China e do Brasil, principais mercados para as companhias aéreas atualmente, participam do Mundial este ano. E nestes países o futebol tem importância", avalia o economista.
Os jogos da Copa de 2006 aconteceram nos maiores estádios alemães, localizados em grandes cidades do país, como Munique, Dortmund, Berlim, Hamburgo e Gelsenkirchen. Já os torcedores que acompanharem as partidas da Copa feminina vão conhecer cidades menores, como Augsburg, Leverkusen e Sinsheim, isso prova, segundo Vöpel, que a dimensão desta Copa foi bem planejada.
"Os locais dos jogos não serão muito grandes, mas sim de porte médio", por isso o contribuinte alemão provavelmente não precisará compensar qualquer déficit nas contas, termina o economista.
Autor: Dirk Kaufmann (ms)
Revisão: Roselaine Wandscheer