Paz só com confiança
7 de setembro de 2004A tomada de reféns na Ossétia do Norte, com a morte de tantas crianças, foi, segundo Claudia Roth, um crime hodiendo, para o qual não há desculpa. Mas a escalada da violência no Norte do Cáucaso tem lá os seus motivos.
A deputada do Partido Verde criticou sobretudo a política autoritária do presidente russo Putin, que instalou um governo pró-Moscou na Chechênia. Não se pode dizer que as últimas eleições chechenas tenham sido democráticas, disse Roth.
Ganhar a confiança do povo checheno
Para ela, a violência não abre nenhuma perspectiva de paz e é necessário conquistar a confiança da povo checheno, a fim de distanciá-lo dos grupos terroristas. A situação na Chechênia não pode ser considerada normal: reina aí a violência, a guerra e uma economia de guerra.
As milícias paramilitares, lideradas pelo filho do último presidente checheno Kadirov, assassinado recentemente, realizam ataques brutais contra a população civil. Há cada vez mais crimes hediondos praticados por grupos terroristas, que estão se radicalizando.
A única chance de se combater o terrorismo, segundo a deputada do Partido Verde, é através de uma política que restaure a credibilidade. É preciso encontrar os interlocutores políticos moderados, que não estejam por trás dos atentados, e que certamente existem, disse Roth.
Falta de democracia na Rússia
O mais dramático de tudo, na opinião de Claudia Roth, é a falta de democracia na Rússia. Um exemplo disso é a restrição à liberdade de imprensa e do acesso à informação.
O segundo maior problema é o crescente racismo contra as pessoas do Cáucaso, como se todo mundo que vem daquela região fosse um terrorista em potencial.
Há uma discriminação diária contra as pessoas do Cáucaso, por exemplo, na questão dos aluguéis. Isto é um veneno para a sociedade russa.
Portanto, uma solução política para o problema da Chechênia não será fácil. O único caminho é através de meios democráticos, tentando retomar as negociações e restabelecendo a confiança junto à população chechena.
Dupla moral?
O chanceler federal alemão Gerhard Schröder foi duramente criticado pela imprensa alemã por ter dito que as eleições na Chechênia transcorreram democraticamente.
Não haveria portanto uma dupla moral na política exterior alemã em relação aos direitos humanos, foi o que perguntamos a Claudia Roth, encarregada de Direitos Humanos do governo federal.
Para a deputada, a questão dos direitos humanos desempenha um papel decisivo na política exterior alemã, como afirma também Joschka Fischer, o ministro alemão das Relação Exteriores (Partido Verde).
Entretanto, Roth ressaltou que a questão dos direitos humanos não deve ser romantizada ou idealizada, mas tratada no âmbito concreto da política.
Ela admite que os interesses econômicos da Alemanha desempenham um importante papel, por exemplo nas relações com a Rússia e a China, mas considera que a questão dos direitos humanos é fundamental para assegurar a estabilidade das relações bilaterias.
Em relação à Rússia, Roth compartilha a preocupação do ministro Fischer. O ministro afirmou que a Rússia não está caminhando para uma democracia, e sim vivendo um processo de "des-democratização"; tanto em relação à Chechênia quanto à liberdade de imprensa e a muitas outras questões.