Wacken Open Air 2009
31 de julho de 2009Começa nesta quinta-feira (30/07) a 20ª edição do Wacken Open Air 2009, o maior festival de heavy metal do mundo. Em três dias, os 1.800 habitantes da pequena cidade de Wacken, no estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, devem receber mais de 70 mil fãs do gênero musical.
O festival surgiu em 1990, quando os amigos Thomas Jensen e Holger Hübner tiveram a ideia de transformar um pasto de criação de gado em palco para um concerto ao ar livre. "No primeiro ano, vieram cerca de 800 pessoas, toquei com minha banda e tomei cerveja de graça", lembra Jensen.
O investimento de 8 milhões de euros na organização do Wacken Open Air 2009 mostra o quanto o evento evoluiu em duas décadas. Segundo os organizadores, este ano, foram vendidos 70 mil ingressos pelo preço de 130 euros cada. Nos palcos, Doro, Saxon, Bom Scott, Motörhead e outras 86 bandas devem fazer o preço e a viagem dos fãs ao norte da Alemanha valer a pena.
Uma área total de 200 hectares (o equivalente a 270 campos de futebol) é reservada para os milhares de visitantes. Durante pelo menos três dias, pastos verdes são transformados em uma extensa área de estacionamento e acampamento, além de um espaço com palcos, quiosques e outros detalhes imprescindíveis, como 1.500 banheiros provisórios.
Boas oportunidades
Pouco antes do início da festa, o aposentado Willi, de 89 anos, dá as boas-vindas à multidão que lhe acena de volta esticando os dedos indicador e mínimo – a saudação típica dos fãs de rock pesado. Há sete anos, ele vende marmeladas e sucos na porta de entrada do maior festival de heavy metal do mundo. "É para que os jovens também tenham algo saudável", justifica o aposentado, que, ainda tenta ser simpático: "Gosto da música, mas não é bem meu estilo."
O "vovô" Willi é apenas um dos vários exemplos de como os habitantes da pacata Wacken encaram o festival não só como uma distração, mas também como uma oportunidade de negócios. Alguns moradores têm condições de faturar muito mais, como o gastrônomo Torsten Arp, dono de dois Biergärten (cervejarias ao ar livre) com capacidade para acomodar 6.000 pessoas.
Até as crianças aproveitam para lucrar com a visita dos milhares de visitantes. Para transportar caixas de cerveja e barracas da cidade até o acampamento ao lado dos palcos, elas cobram 5 euros. "Os preços são estáveis e os mesmos do ano passado", esclarece a pequena Sandra.
Ameaça
Este ano, no entanto, a pequena cidade tem motivo de apreensão: o risco de propagação do vírus da gripe suína. Autoridades da região estão já providenciaram "quantidades suficientes de medicamentos antivirais". Além disso, quartos extras estão preparados para isolar pacientes caso haja um grande número de infectados.
Os especialistas incentivam o público a se prevenir da contaminação tomando medidas simples que podem ser, entretanto, extremamente difíceis para os fãs de rock. As dicas são evitar abraços, beijos e apertos de mão, não compartilhar garrafas de cerveja e, em caso de febre alta e sensação de enfermidade, procurar os postos de atendimento médico e seguir as instruções dos profissionais.
Receita do sucesso
Questionado sobre o segredo do sucesso do festival, o organizador Thomas Jensen diz: "Por mais que os críticos tentem, não dá para negar: mesmo com mais de 70 mil visitantes, ainda somos um festival familiar. Todos estão representados – da primeira à terceira geração."
A participação da comunidade se dá de variadas formas, desde a hospitalidade até a troca de benefícios. "O vilarejo nos ajuda e, em troca, investimos parte do que arrecadamos no jardim de infância e na piscina pública", conta Jensen. "E os habitantes da cidade ainda podem ir ao festival um dia de graça", complementa.
Depois dos shows, a área ao redor dos palcos costuma acumular toneladas de lixo. Para recolher os dejetos, o fazendeiro Uwe Trede conta com a ajuda de centenas de pessoas. Este ano, os organizadores contam com 600 a 700 toneladas de lixo.
"A paisagem também faz parte do charme do festival", lembra Jensen. É por isso que os organizadores investiram, desde a edição passada do festival, 600 mil euros na construção de uma rede de esgoto e na melhoria da rede elétrica no local. Quanto ao futuro do Wacken Open Air, Jens é enfático: "Isto tudo não deve aumentar mais para que este sentimento especial daqui não se perca."
EH/ap/dpa
Revisão: Simone Lopes