Perfil do curador
7 de junho de 2002Quando Okwui Enwezor foi nomeado curador da documenta 11, em 1998, a escolha causou surpresa. O nigeriano, com 35 anos na época, é o primeiro não-europeu e o primeiro africano a assumir esta função. "Não estou interessado nesta fascinação de que a documenta 11 possa se transformar numa exposição negra ou africana", declarou ele na época.
O poeta, crítico literário e curador nascido em Kalaba, em 1963, vem de um país com 100 línguas diferentes, ao mesmo tempo multicultural e anglocêntrico, mas "paradoxalmente obcecado pela idéia de identidade étnica", segundo confirma Enwezor. O curador advertiu desde cedo a opinião pública contra possíveis equívocos: "A minha meta não é mostrar a oposição entre Ocidente e Não-Ocidente".
O nigeriano residente em Nova York e portador de passaporte americano estudou Letras e Ciências Políticas nos EUA, sendo versado nas sutilezas das teorias culturais em voga. A opinião pública alemã reagiu à escolha de Enwezor com o receio de que a documenta 11 pudesse se tornar tão "teórica" como a de sua antecessora Catherine David. Apesar de ter ressaltado que o que importa é a obra e o artista, e não a curadoria, as diversas plataformas de discussão que precederam a exposição de Kassel reduziram-se a um alto grau de abstração, sem tocarem em questões propriamente estéticas.
Okwui Enwezor foi curador de diversas exposições internacionais desde 1989, entre as quais a Bienal de Johanesburgo (1989) e a exposição The Short Century (Munique, 2001), sobre os movimentos africanos de independência através da perspectiva de artistas, literatos, músicos, arquitetos e cineastas. Em 1993, ele fundou a revista Nka, um dos principais veículos de arte contemporânea africana.