Perigo de deflação assusta Alemanha
27 de maio de 2003O mercado financeiro alemão tem demonstrado sinais de nervosismo. "Quanto mais o euro sobe, mais nos aproximamos da deflação", estima um analista. A valorização do euro encarece as exportações para os Estados Unidos, que é o segundo mercado mais importante para a Alemanha, depois da União Européia.
Os empresários reagem à fraca demanda baixando os preços. Mas numa fase de recessão pode acontecer que a baixa dos preços não aqueça o consumo, pois os consumidores ficam esperando que os preços caiam ainda mais. Os empresários, por sua vez, adiam os investimentos. É este processo de queda de preços que os economistas chamam de deflação.
Alerta do FMI
O alerta sobre o risco de deflação partiu do Fundo Monetário Internacional, que comparou a tendência deflacionária da economia alemã à situação do Japão. A economia japonesa está em queda há quase dez anos.
Como medida preventiva, o FMI recomendou que o Banco Central Europeu (BCE) baixasse a taxa referencial de juros - atualmente de 2,5% -, a fim de aumentar a quantidade de dinheiro em circulação.
Gustav Horn, analista do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), considera que a Alemanha tem todos os ingredientes para entrar em deflação: quebra do mercado de ações, estagnação intermitente, alta do euro e a falta de reação dos políticos. Tudo isso acaba pressionando os preços e os salários.
Banco Central Europeu despreza deflação
Lucas Papademos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), acha que há muito pouco risco de deflação na zona do euro. A inflação projetada para 2003 é de 1,5%.
Em relação à Alemanha, onde a inflação anual caiu para menos 1%, Papademos acha que o perigo de deflação é "desprezível". Ele ressaltou que o BCE ainda tem instrumentos da política de juros para prevenir a deflação e que a baixa inflação pode beneficiar as exportações alemãs para os países da zona do euro.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, discorda também do FMI quanto ao temor de deflação na Alemanha. Ele acha que os atuais mecanismos econômicos são suficientes para controlar o risco.
Wolfensohn defendeu reformas radicais na Alemanha. O país precisa encontrar um novo equilíbrio econômico para aliviar a sobrecarga de sua sociedade e encontrar novos rumos para o futuro. Se os problemas forem resolvidos, a Alemanha continuará sendo uma potência econômica, disse o presidente do Banco Mundial.