PF apreende documentos em empresa ligada à CBF
28 de maio de 2015A Polícia Federal e o Ministério Público fizeram uma operação de busca e apreensão de documentos na sede da empresa Klefer Marketing Esportivo, a pedido da Justiça americana. A ação autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi realizada na noite desta quarta-feira (28/05), no Rio de Janeiro.
A empresa fundada por Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, é responsável por negociar contratos de transmissão de jogos para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em nota, o empresário negou as irregularidades e disse que todos os documentos solicitados pelos agentes e procuradores foram entregues. "A Klefer, através de seus dirigentes, está inteiramente à disposição das autoridades", escreveu.
Apesar de não ser citada nominalmente no processo envolvendo cartolas da Fifa, a Klefer é alvo das autoridades brasileiras e americanas por ter mantido uma parceira com a Traffic no período investigado. A maior empresa de marketing esportivo da América Latina é detentora dos direitos do torneio de clubes anual Copa do Brasil.
Segundo a Justiça americana, a Traffic teria pago 2 milhões de reais em propina por ano ao membro do comitê executivo da Fifa José Maria Marin. O ex-presidente da CBF é um dos sete presos na sede da entidade, em Zurique, na Suíça.
O dono da Traffic, José Hawilla, que está entre os presos, se declarou culpado no ano passado e detalhou o esquema de pagamento de propinas a ao menos três dirigentes da CBF. Os contratos de transmissão de jogos foram acertados no período entre 1990 e 2009. A empresa também teve exclusividade na comercialização dos direitos internacionais televisivos da Copa do Mundo.
O Departamento de Justiça dos EUA anunciou que também investiga um contrato comercial entre a CBF e a Nike intermediado por Hawilla em 1996. A negociação foi alvo de uma CPI encerrada em 2001.
Corrupção
Além de Marin e Hawilla, o intermediário José Margulies, argentino naturalizado brasileiro, é um dos investigados. O Brasil é um dos países com maior número de acusados no escândalo de corrupção envolvendo pagamentos de propinas em troca de contratos de marketing e direitos de transmissão de torneios de futebol.
De acordo com a denúncia da justiça americana, os cartolas vendiam os direitos de marketing e transmissão das competições às empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio dos cartolas mediante pagamento de propinas. Os empresários depois revendiam os direitos de marketing e transmissão para as emissoras e os patrocinadores.
O esquema teria movimentado mais de 150 milhões de dólares ao longo de 24 anos.
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