PF prende três suspeitos de ocultarem corpos de Bruno e Dom
6 de agosto de 2022A Polícia Federal (PF) realizou uma operação neste sábado (06/08) contra a pesca ilegal no Vale do Javari, na Amazônia, que prendeu três pessoas suspeitas de terem participado da ocultação dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em 5 de junho na região.
No total, a PF cumpriu sete mandados de prisão preventiva nas cidades de Atalaia do Norte e Benjamin Constant e em comunidades ribeirinhas. Entre os detidos, estão um filho e dois irmãos do pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, que confessou ter assassinado Bruno e Dom e já estava preso. Seus três familiares, segundo a polícia, teriam participado da ocultação dos corpos.
Também foi preso o pescador Laurimar Lopes Alves, casado com a irmã de Pelado e conhecido como Caboclo, que seria um invasor recorrente da terra indígena Vale do Javari, segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
A operação tem o objetivo de desarticular uma quadrilha armada de pesca ilegal na região, principalmente de pirarucu e tracajá, inclusive durante a época de defeso e em terras indígenas protegidas.
Suspeitas sobre quadrilha
A PF suspeita que o chefe do esquema seria Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia, que segundo a polícia forneceria barcos, motores e insumos como adiantamento do pescado ilegal na região, e os revenderia para países vizinhos. Ele foi preso em 8 de julho em Atalaia do Norte por uso de documentos falsos.
Os policiais investigam se Villar seria o mandante da morte de Bruno e Dom, e também se ele teria participado do assassinato do indigenista e ex-servidor da Funai Maxciel Pereira dos Santos, em 2019, o que ele nega.
"A PF identificou fortes indícios de que Colômbia seria líder e financiador de uma associação criminosa armada dedicada à prática da pesca ilegal na região do Vale do Javari, responsável por comercializar grande quantidade de pescado que era exportado para países vizinhos", afirmou a polícia.
Dois dos mandados de prisão preventiva da operação deste sábado eram contra pessoas já presas – Pelado e Colômbia.
Três réus pelas mortes de Bruno e Dom
No dia 21 de julho, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Pelado, seu irmão, Oseney de Oliveira, que também confessou o crime, e Jefferson da Silva Lima – que nega envolvimento – por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver de Bruno e Dom. A denúncia já foi aceita pela Justiça Federal em Tabatinga (AM), o que tornou os três réus.
Segundo o órgão, o assassinato teria acontecido porque Bruno pediu a Phillips – que estava fazendo pesquisas para um livro sobre a Amazônia – que fotografasse o barco do trio. Além disso, segundo o MPF, já havia registros de desentendimentos entre Pelado e Bruno por conta da pesca ilegal em território indígena.
Bruno e Dom foram mortos a tiros na manhã do dia 5 de junho, durante uma expedição pelo Vale do Javari, e tiveram seus corpos queimados e enterrados. Seus cadáveres só foram encontrados dez dias depois, após Pelado indicar o local.