Pnuma cita Brasil como exemplo na reciclagem de alumínio
24 de abril de 2013Os metais são parte essencial na economia global, enquanto elementos básicos para a infraestrutura. A tendência atual é de um grande aumento na demanda dessa matéria-prima. Por isso, práticas de reciclagem devem ser desenvolvidas, com o fim de diminuir tanto os impactos ambientais quanto a escassez de alguns metais.
Esse balanço está contido em dois relatórios divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), nesta quarta-feira (24/04). Os documentos Riscos ambientais e mudanças no fluxo e ciclo antropogênico dos metais e Reciclagem de metais – oportunidades, limites e infraestrutura apresentam uma visão geral da mudança ambiental causada por metais e o seu potencial de reciclagem.
"Como a população das economias emergentes está adotando tecnologias e estilos de vida similares ao dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a necessidade global de metais será de três a nove vezes maior do que a atual", disse o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner.
Reciclagem e consumo
Os relatórios revelam que o aumento dessa demanda está ligado principalmente ao desenvolvimento dos países emergentes e às novas tecnologias, incluindo as utilizadas nos sistemas de energia renovável.
Apesar de os impactos ambientais do uso de metais serem menores do que os causados por recursos agrícolas e combustíveis fósseis, 8% da energia mundial é gasta na mineração e refinamento desses elementos. No ciclo de vida dos metais, a mineração, o refinamento e o lixo gerado são os principais responsáveis por danos ao meio ambiente – como a degradação de ecossistemas e a contaminação da água – e à saúde humana.
Os relatórios apontaram também que metais produzidos em grande volume causam um impacto menor por quilograma do que os são produzidos em pouca quantidade. Além disso, esses elementos são os recursos ideais para ciclos fechados, pois eles podem ser reciclados quase que infinitamente e com uma perda pequena de seus atributos técnicos.
Assim, a reciclagem pode contribuir significativamente para evitar os danos causados nesse processo, além de gerar lucros econômicos e reduzir a escassez de alguns metais. Porém os relatórios deixam claro que apenas aumentar as taxas de reciclagem não será suficiente para diminuir o impacto: uma redução no consumo também é necessária.
Brasil é exemplo
O processo de reciclagem, incluindo a coleta e o transporte, consome uma quantidade de energia bem menor do que a exploração mineral. Esse mercado tem expandido bastante nos últimos anos e novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para aprimorar as técnicas existentes.
O potencial para a reciclagem de metais é enorme. Somente a Europa produz 12 milhões de toneladas de lixo eletrônico ao ano, e a expectativa é de um aumento anual de 4%, nas próximas décadas. Em 2011, o Brasil produziu 679 mil toneladas desse tipo de lixo.
Nos relatórios, o Brasil é citado como exemplo na reciclagem do alumínio: há uma década, o país é líder na reutilização do metal. A taxa de reciclagem foi de 97,6% em 2010. O relatório diz que a experiência brasileira é um sucesso, trazendo grandes benefícios sociais, econômicos e ambientais.
Os relatórios reforçam também a importância de pequenos empreendedores, tanto na economia formal como na informal da reciclagem, e cita o Brasil como exemplo nesse setor, por sua experiência com catadores de lixo reunidos em cooperativas apoiadas pelo governo. Segundo a Pnuma, o apoio da infraestrutura pública é um ponto fundamental para a economia verde.
Mas, para o gerente executivo da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos, Herbert Mascarenhas, ainda falta um incentivo maior do governo no setor de reciclagem. "Nessa área, o Brasil não deve pensar numa maneira muito industrial, mas sim fomentar o empreendedorismo."
Segundo o gerente, é grande o potencial nesse setor, em cidades onde não há geração de renda por indústria, serviço ou comércio. "Nessas cidades o governo deveria montar recicladoras", sugere.
Mascarenhas acredita que, para a expansão do setor de reciclagem no país, é necessário uma linha de crédito para o empreendedorismo no setor, e uma campanha de reciclagem voltada para a população, com o objetivo de gerar material para esse mercado.