Jovem suspeito de matar duas pessoas em Wisconsin é preso
27 de agosto de 2020Um adolescente de 17 anos foi detido nesta quarta-feira (26/08), suspeito do assassinato de duas pessoas na terceira noite de protestos contra violência policial na cidade de Kenosha, em Wisconsin, nos Estados Unidos.
Um ataque registrado pela câmera de um telefone celular mostra um jovem branco abrindo fogo na rua com um fuzil semiautomático. Na gravação, é possível ouvir o atirador afirmando que acabara de "matar alguém". A pessoa que aparece no vídeo seria o adolescente, residente em Antioch, a pouco mais de 20 quilômetros de Kenosha. Ele foi detido pela polícia em sua cidade, no estado do Illinois.
Os protestos eclodiram na cidade após Jacob Blake, um homem negro de 29 anos, ser alvejado pelas costas por policiais que atendiam um chamado sobre briga doméstica.
O incidente ocorreu na esteira de vários casos recentes de violência policial contra pessoas negras, como os que resultaram nas mortes de George Floyd, em Minneapolis, Rayshard Brooks, em Atlanta e Breonna Taylor, em Louisville, que geraram uma onda de protestos antirracistas em todo o país.
Os mortos nos protestos em Kenosha foram identificados apenas como sendo um jovem de 26 anos de Silver Lake e uma pessoa de 36 anos, de Kenosha. Uma terceira vítima da cidade de West Allis, também de 36 anos, recebeu cuidados médicos e deve sobreviver, segundo informações da polícia, que não divulgou os nomes.
Imagens de vídeo, corroboradas por relatos de testemunhas, sugerem que a polícia teria permitido que o jovem suspeito deixasse o local sem ser interpelado, apesar de várias pessoas pedirem que ele fosse preso por ter atirado contra os manifestantes.
O chefe da polícia local, o xerife David Beth, disse que o cenário caótico, com pessoas aos gritos, entoando slogans e "correndo por toda parte" poderiam ter deixado os policias sem a noção exata do que estava acontecendo.
O suspeito será levado a tribunal nesta sexta-feira, onde responderá por assassinato em primeiro grau. Segundo as leis do Wisconsin, jovens de 17 anos sãos tratados como adultos pelo sistema de Justiça criminal. O perfil do suspeito no Facebook é repleto de exaltações aos agentes da lei, com referencias a movimentos de apoio à polícia, além de mostrar fotos do jovem armado de um fuzil.
Beth informou que pessoas armadas estavam patrulhando as ruas da cidade nas últimas noites, mas disse não saber se o atirador estava entre eles. "São uma milícia", disse o xerife.
Entretanto, imagens de vídeo de antes do episódio que resultou nas duas mortes mostrava policiais distribuindo garrafas de água para civis armados nas ruas da cidade. Um deles aparentava ser o suspeito pelas duas mortes. Beth disse que seus homens distribuiriam água para qualquer pessoa que estivesse ali.
Após a confirmação das duas mortes, o governador do Wisconsin, Tony Evers, autorizou o envio de um reforço de 500 membros da Guarda Nacional à cidade. Ele disse que trabalha junto a governadores de outros estados para aumentar ainda mais esse contingente.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que enviaria por conta própria tropas federais para Kenosha, o que não foi confirmado pelo governador. Em pela campanha para a reeleição, Trump vem se esforçando para transmitir uma imagem de defensor da lei e da ordem, em meio à onda de protestos antirracismo no país.
Nos últimos meses, o presidente já prometeu enviar tropas para diversos locais onde os protestos se intensificaram. Contudo, em várias ocasiões, autoridades locais condenaram a medida ao afirmarem que isso acirraria ainda mais as tensões.
"Não vamos tolerar saques, incêndios criminosos, violência e ausência da lei nas ruas americanas", disse Trump no Twitter. Ele prometeu ainda "restaurar a lei e a ordem".
Em Kenosha, as autoridades locais anunciaram um toque de recolher válido a partir das 19 horas, no horário local. "Uma tragédia sem sentido como essa não pode ocorrer novamente", afirmou Evers, justificando a medida
Após passar por cirurgias, Blake ainda está hospitalizado. O advogado de sua família, Bem Crump, disse que será "preciso um milagre" para que ele possa andar novamente. Ele pediu que o policial que disparou seja preso e que os outros envolvidos percam seus empregos.
RC/ap/dpa
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