Polícia suíça apura antissemitismo em loja de esqui em Davos
13 de fevereiro de 2024A polícia suíça abriu uma investigação sobre "discriminação e incitação ao ódio" após relatos de antissemitismo em Davos, por uma loja de aluguel de equipamentos de esqui teria se recusado a atender judeus. A cidade é um luxuoso destino para os praticantes do esporte na neve e sede do Fórum Econômico Mundial.
Foto publicada pelo jornal suíço 20minuten mostra um aviso em hebraico afixado na janela do Bergrestaurant Pischa, um restaurante e loja de aluguel de esquis na pequena área de Pischa, nos arredores de Davos: "Devido a vários incidentes infelizes, incluindo o roubo de um trenó, não alugamos mais equipamentos esportivos para nossos irmãos judeus."
Segundo o 20minuten, ao ser abordado, o estabelecimento reagiu por escrito afirmando que "não quer mais o incômodo diário" de hóspedes judeus deixando trenós nas pistas ou equipamentos não sendo devolvidos, ou "devolvidos com defeito".
Comunidade judaica vai acionar Justiça
Proprietário do Bergrestaurant Pischa, Ruedi Pfiffner se desculpou numa declaração ao tabloide suíço Blick , alegando que o aviso foi "certamente mal redigido", mas que foi resultado de tensões crescentes que "explodiram".
"Tivemos que trancar os trenós porque membros da comunidade judaica estavam apenas pegando-os quando não estávamos lá", afirmou, acrescentando em seguida que não queria generalizar e que a situação "não tinha nada a ver com antissemitismo". Porém os hóspedes judeus "ainda são bem-vindos" e ele está "pronto para conversar com os afetados".
A Federação Suíça de Comunidades Judaicas anunciou que vai tomar providências jurídicas. "O cartaz é indiscutivelmente discriminatório", disse o secretário-geral Jonathan Kreutner em comunicado enviado à agência de notícias AFP. "Um grupo inteiro de hóspedes está sendo rotulado coletivamente por causa de sua aparência e origem, de forma totalmente aberta e descarada."
O antissemitismo tem aumentado em toda a Europa desde os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 e a subsequente reação militar israelense na Faixa de Gaza, território vizinho a Israel e controlado pelo grupo radical islâmico.
Outros incidentes de antissemitismo em Davos
Não é a primeira vez que Davos é palco de tensões entre os habitantes locais e turistas judeus.
De acordo com uma reportagem de agosto do jornal local Davoser Zeitung, entre 3 mil e 4 mil judeus ortodoxos passaram férias ali no verão europeu de 2023 (inverno no Hemisfério Sul). Na época, teriam havido "críticas crescentes ao comportamento desses turistas".
Em 2017, um hotel do vilarejo vizinho de Arosa pendurou avisos instruindo os clientes judeus a tomarem banho antes de usar a piscina, causando indignação e reclamações oficiais de Israel.
O hotel era muito popular entre judeus ultraortodoxos por atender às necessidades desses hóspedes, como a disponibilização de um freezer para armazenar alimentos kosher.
ra/av (AFP, DPA)