COP9
30 de maio de 2008
O alto valor econômico da natureza deverá ser traduzido em números no futuro com o propósito de incentivar a proteção ambiental. Esta é a reivindicação central de um estudo internacional apresentado durante a 9ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, encerrada em Bonn nesta sexta-feira (30/05).
A natureza presta muitos serviços que até agora nunca foram medidos, aponta o economista indiano Pavan Sukdev, coordenador do estudo. Estima-se, por exemplo, que todas as reservas naturais continentais do mundo possam render de 4,4 a 5,2 trilhões de dólares por ano. No futuro, esse "capital natural" deverá ser levado em consideração, em se tratando do aproveitamento e da destruição de recursos naturais.
O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, declarou que o estudo é importante para se compreender a dimensão da destruição da natureza e incluir sua preservação na ordem do dia, sobretudo por razões econômicas. Se os danos puderem ser medidos numericamente, é mais fácil de se discutirem os instrumentos financeiros da conservação ambiental. Como meta, "a proteção da natureza deveria trazer pelo menos um euro a mais de lucro do que sua destruição".
Inestimável: valor da natureza difícil de ser calculado
O economista Pavan Sukdev, encarregado de fazer esse estudo durante a presidência alemã do G-8, explica, no entanto, que é difícil fazer uma análise precisa de custo e benefício. Embora o valor econômico da natureza seja indiscutível, "muitas vezes falta fixar o preço".
O crescente desmatamento do planeta poderá ocasionar, dentro de quatro décadas, uma perda de poder econômico de 6% em todo o mundo. Com exemplos desse tipo, o estudo demonstra o retorno imediato dos investimentos em proteção ambiental. Outro exemplo é o da demarcação de zonas marítimas de conservação, uma medida de proteção contra o excesso de pesca que a longo prazo poderia assegurar 27 milhões de empregos.
Brasil anuncia segunda fase do Arpa
Após o Congo, o Brasil foi o segundo país a anunciar, em Bonn, a ampliação das zonas sob proteção ambiental na Amazônia. O Congo anunciou a criação de até 150 mil metros quadrados de novas áreas protegidas. Anteriormente, 60 países do mundo e a Comissão Européia haviam assinado uma declaração, comprometendo-se a conter o desmatamento global até 2020.
O ministro Carlos Minc anunciou, durante a COP9, diversas medidas de proteção à Amazônia. "Uma delas é a criação de uma guarda nacional florestal; a outra, o corte de crédito para os desmatadores ilegais; a terceira, a notificação das empresas agropecuárias, siderúrgicas, madeireiras, a fim de impedi-las de comprar de fornecedores que cometam crimes ambientais e desrespeitem as leis; além da criação de diversas unidades de conservação", resumiu Minc o novo pacote de medidas, em entrevista à DW-RADIO. As novas unidades de conservação, a formarem um cinturão verde na Amazônia, somam 2,3 milhões de hectares.
"O desmatamento será reduzido, a lei de crimes ambientais será aplicada com dureza e os recursos para os extrativistas e para a recuperação das matas serão liberados para aqueles que quiserem e puderem ter uma vida digna e sustentável, garantindo preços mínimos para os produtos florestais para dar subsistência às reservas extrativistas", prometeu o ministro.
Na primeira fase do Arpa (Programa de Áreas Protegidas da Amazônia), iniciada em 2002, o Brasil se dedicou à conservação de aproximadamente 225 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica, criando 41 novas áreas protegidas. A próxima fase do programa, a ser iniciada em janeiro de 2009, deverá colocar sob proteção mais 600 mil quilômetros quadrados. O projeto conta com um financiamento internacional de 105 milhões de dólares, 30 milhões dos quais liberados pelo WWF.