Críticos do G8
9 de maio de 2007A um mês da cúpula do G8 em Heiligendamm, cerca de 900 agentes de segurança participaram nesta quarta-feira (09/05) de buscas em 40 lugares em Berlim, Brandemburgo, Hamburgo, Bremen, Schleswig-Holstein e na Baixa Saxônia para apurar suspeitas de que grupos de extrema esquerda estariam preparando ataques violentos ao encontro.
Depois das buscas, durante a tarde e noite desta quarta-feira, milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades alemãs para protestar contra as buscas.
"Estamos apurando suspeitas de que atos violentos estão sendo planejados para impedir a realização da cúpula do G8", informou um porta-voz da Procuradoria Geral da República. A autoridade, que ordenou as buscas, teria aberto inquéritos contra 18 pessoas nominalmente conhecidas e outros suspeitos anônimos "pertencentes à cena militante da extrema esquerda".
"Suspeitamos que as pessoas em questão tenham fundado uma organização terrorista ou sejam membros de tal organização, que está planejando incêndios criminosos e outras ações para perturbar gravemente ou impedir a cúpula do G8 em Heiligendamm", afirmou a Procuradoria em nota à imprensa.
Ataques de advertência?
Um dos inquéritos envolveria três integrantes do "Militanten Gruppe" (mg), cujas lideranças supostamente vivem em Berlim e Brandemburgo e que desde 2001 assumiram a autoria de 25 ataques de pequena repercussão.
Em 16 de março deste ano, o mg assumiu a autoria de ataques aos escritórios da Câmara de Indústria e Comércio italiana e de uma associação empresarial turca em Berlim. Na ocasião, o grupo mencionou a mensagem de crítica ao capitalismo enviada por Christian Klar, ex-líder da organização terrorista Fração do Exército Vermelho (RAF) a uma conferência sobre Rosa Luxemburgo. Também a cúpula do G8 foi mencionada como motivo.
O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schaeuble, anunciou um reforço no esquema de segurança. Durante a cúpula, voltará a vigorar o controle nas fronteiras alemãs, informou o ministério nesta quarta-feira em Berlim.
Fantasma da RAF
Desde que a RAF anunciou sua dissolução em 1998, não ocorreram mais casos significativos de violência da extrema esquerda na Alemanha. Os debates sobre o pedido de indulto de Christian Klar, no entanto, colocaram a sigla RAF novamente em evidência na mídia.
O diretor do Departamento de Proteção da Constituição de Baden-Württemberg, Johannes Schmalzl, já havia alertado na semana passada que a discussão sobre o pedido de indulto poderia favorecer um "renascimento do terrorismo de esquerda".
De acordo com adversários da cúpula do G8, a operação policial desta quarta-feira "foi arbitrária" e se destinou a "intimidar, criminalizar e difamar" os organizadores de manifestações. Durante a cúpula, de 6 a 8 de junho, são esperados entre 50 mil e 100 mil manifestantes no balneário Heiligendamm, no noroeste alemão.
Ação e reação
Um porta-voz da organização Gipfelsoli Infogruppe, crítica da globalização, disse que as buscas desta quarta-feira dirigiram-se contra grupos que não fazem qualquer reivindicação aos países do G8 e, sim, rejeitam completamente o G8 como instituição.
Em várias cidades alemãs ocorreram protestos contra as buscas, o maior deles em Berlim, com a participação de 3 mil pessoas. Em Hamburgo, houve confrontos violentos entre 2 mil adversários do G8 e a polícia, que usou jatos d'água para dispersar a multidão.(stu/gh)