Polícia e anticapitalistas entram em confronto na França
9 de abril de 2018A polícia francesa usou gás lacrimogêneo ao cumprir a ordem de retirar cerca de 250 ativistas anticapitalistas de Notre-Dame-des-Landes, perto da cidade de Nantes, no amanhecer desta segunda-feira (09/04). Aproximadamente 2.500 policiais participaram da operação.
Os invasores – um grupo eclético de ativistas anticapitalistas, ecologistas e posseiros – juntaram-se a alguns agricultores em 2008 para evitar a construção de um aeroporto. Eles se recusaram a deixar o local depois que o projeto foi abandonado no início deste ano. O governo francês havia avisado que os invasores seriam despejados.
Os ativistas jogaram pedras, bombas de gasolina e atearam fogo em barricadas feitas de pneus e madeira para obstruir a passagem da polícia. As forças de segurança reagiram com o fechamento de vias de acesso e isolaram os invasores. No confronto, um policial sofreu um ferimento num olho.
Nos últimos 50 anos, sucessivos governos debateram sobre o controverso plano de construir um centro aeroportuário que serviria a costa ocidental da França, o Grand Ouest Airport (AGO). Estas cinco décadas foram marcadas por consultas, discussões e indecisões até que o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, em janeiro, o abandono definitivo do projeto estimado em 580 milhões de euros.
Uma tentativa de despejo dos ativistas em 2012 falhou – houve confrontos entre os posseiros e a polícia, e o governo resolveu recuar após manifestações públicas contra as cenas de violência.
Parte dos que ocupavam a área de 1.600 hectares transformaram o local num experimento utópico de vida autônoma. Muitos abandonaram as tendas e trailers e construíram casas permanentes ou ocuparam fazendas abandonadas. Uma padaria, uma cervejaria, uma estação de rádio pirata, um jornal online e um mercado semanal de vegetais foram estabelecidos na área.
O ministro do Interior da França, Gérard Collomb, comunicou que a polícia permanecerá "pelo tempo que for necessário" para garantir que o local não seja reocupado.
Ele também garantiu que serão oferecidas moradias alternativas às pessoas despejadas. "Ninguém será deixado nas ruas", disse. Estima-se que a operação de despejo dure vários dias.
PV/afp/ots
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