Polícia Federal retira nadadores americanos de avião
18 de agosto de 2016Os nadadores americanos Gunnar Bentz e Jack Conger foram impedidos pela polícia de viajar aos Estados Unidos nesta quarta-feira (17/08). No Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, eles foram retirados do avião para prestar depoimento sobre um suposto assalto na cidade.
Segundo o Comitê Olímpico dos EUA, os nadadores foram liberados em seguida. Eles haviam sido chamados para depor pela Polícia Civil, mas não compareceram. O advogado que os representa afirmou que os dois não poderão sair do Brasil pelo menos até prestarem novo depoimento.
Bentz e Conger estavam com os companheiros de seleção Ryan Lochte e James Feigen na madrugada do último domingo, quando, segundo a versão dos nadadores, ao voltarem de táxi de uma festa foram assaltados por homens armados que vestiam uniformes da polícia.
O Comitê Olímpico dos EUA confirmou que quatro nadadores, entre os quais Lochte, foram assaltados no Rio de Janeiro por indivíduos armados que se fizeram passar por policiais.
No entanto, as versões dos atletas sobre o incidente, assim como o vídeo que mostra a chegada deles à Vila Olímpica, horas depois do suposto assalto, apresentam contradições e levaram a polícia a abrir uma investigação para averiguar a veracidade das declarações. Segundo as autoridades, ainda não foram encontradas evidências que corroborem os depoimentos.
Também nesta quarta-feira, a Justiça pediu que os passaportes de Lochte e Figen fossem apreendidos, mas o primeiro já havia retornado aos EUA na segunda-feira. A Polícia Federal enviará um ofício ao FBI (a polícia federal americana) pedindo que Lochte seja interrogado em seu país.
Lochte muda versão
Lochte alterou nesta quarta-feira alguns detalhes de sua versão sobre o suposto assalto, acrescentando ainda mais dúvidas sobre o incidente. Numa entrevista à emissora americana NBC, o medalhista revelou uma história diferente da narrada pelos três colegas.
Desta vez, o nadador, de 32 anos, disse que o assalto não aconteceu quando os quatro voltavam de táxi para a Vila Olímpica, mas num posto de gasolina.
"Eles foram até o banheiro do posto de gasolina, voltaram ao táxi e pediram que o motorista seguisse viagem, mas ele não se mexeu", disse o jornalista Matt Lauer, que conversou com Lochte. "Foi então que os dois homens os abordaram com pistolas e distintivos da polícia."
Inicialmente, os quatro nadadores disseram que homens armados se fizeram passar por policiais e obrigaram o táxi em que voltavam da festa a parar, por volta das 4h.
A outra incoerência revelada pela NBC em relação à história original contada pelos nadadores seria que Lochte não teria ficado com uma arma na nuca, mas que os supostos ladrões teriam apenas apontado a pistola em sua direção.
Em seu primeiro depoimento, prestado ainda no Brasil, Lochte havia dito que vários assaltantes estiveram envolvidos no incidente, enquanto Feigen disse que apenas um homem rendeu o taxista.
Além disso, os nadadores relataram que saíram da festa, na Lagoa, por volta das 4h. Câmeras de segurança do local, a Casa da França, mostram que eles saíram às 5h45, e imagens registradas pelas câmeras da Vila Olímpica mostram que os atletas chegaram ao local às 6h56. O trajeto costuma demorar cerca de 30 minutos.
Além das versões contraditórias, os investigadores estranharam que os nadadores americanos não tiveram seus celulares, relógios ou credenciais da Vila Olímpica roubadas. Os quatro atletas também alegam não se lembrar de detalhes por estarem alcoolizados.
Fontes policiais afirmaram à agência de notícias Reuters que ainda não encontraram o taxista em questão e lançaram um apelo para que ele se apresente às autoridades.
O governo americano incentiva os quatro nadadores a cooperar com as autoridades brasileiras. Feigen deve prestar novo depoimento nesta quinta-feira.
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