Polícia já previra atentado de Berlim nove meses antes
26 de março de 2017Nove meses antes do atentado a uma feira de Natal em Berlim, com um caminhão sequestrado, a polícia alemã já previra que Anis Amri planejava um ataque suicida, noticiou o tabloide alemão Bild am Sonntag, neste domingo (26/03).
Na época, o Departamento Estadual de Investigações (LKA) da Renânia do Norte-Vestfália comunicou, em carta confidencial à Secretaria do Interior do estado, a presença de indícios sólidos nesse sentido. Entre outros, o órgão citou o histórico de chat do tunisiano de 24 anos no aplicativo móvel Telegram, onde, através de eufemismos, indicava seus planos de cometer o ato.
Apesar das advertências feitas em março de 2016, a Secretaria estadual do Interior decidiu que a deportação não era legalmente viável. Desde o atentado, o responsável pela pasta, o social-democrata Ralf Jäger, tem reiterado essa posição. Na próxima quarta-feira ele e outros políticos de alto escalão responderão diante de uma comissão parlamentar de inquérito.
Exigências de renúncia
Diante da reportagem, políticos da oposição exigem que Jäger abandone o cargo. O deputado do Partido Liberal Democrático (FDP) Joachim Stamp disse ao Bild considerar "esse memorando uma prova cabal de que o secretário do Interior falhou com suas responsabilidades".
"Estas novas revelações são dramáticas", afirmou Armin Laschet, líder estadual da União Democrata Cristã (CDU). "O secretário Jäger é um risco de segurança para os cidadãos de toda a Alemanha."
Em 19 de dezembro de 2016, 12 pessoas foram mortas no atentado perpetrado por Amri. Já com a deportação encaminhada, seu uso de mais de uma dezena de identidades e o atraso de sua documentação permitiram que permanecesse no país por mais 18 meses na Alemanha. Depois de escapar do país, o terrorista foi morto por policiais italianos nos arredores de Milão, quatro dias depois do crime.
AV/afp,dpa