Políticos alemães pressionam EUA a fechar Guantánamo
26 de agosto de 2006Depois da libertação do turco-alemão Murat Kurnaz, detido durante quatro anos e meio em Guantánamo, lideranças políticas da Alemanha aumentam a pressão sobre os Estados Unidos para que fechem a prisão militar em Cuba.
"O melhor seria fechar o campo de prisioneiros o quanto antes possível", disse neste sábado (26/08) o encarregado da defesa dos direitos humanos do governo alemão, Günter Nooke (CDU). Ele sugeriu que a Alemanha se coloque à disposição para receber prisioneiros libertados sob determinadas condições.
"Guantánamo é uma vergonha para a democracia e o Estado de direito", disse o líder da bancada do Partido de Esquerda no Parlamento alemão, Gregor Gysi. "É preciso aumentar a pressão internacional sobre o governo norte-americano. A chanceler federal Angela Merkel deveria iniciar uma campanha na União Européia pelo fechamento da prisão", acrescentou.
No começo deste ano, antes de sua primeira visita a Washington, Merkel criticou a tática antiterror dos EUA e defendeu o fechamento de Guantánamo. A líder do Partido Verde, Renate Künast, disse que "também a luta contra o terrorismo precisa respeitar as regras do Estado de direito. Por isso, Guantánamo deve ser fechado".
Debate na CPI
O Partido Liberal quer apurar na CPI do Serviço Secreto a declaração do advogado de Kurnaz de que o governo anterior, formado pelos social-democratas e verdes, rejeitou um pedido de transferência do prisioneiro para a Alemanha.
É preciso esclarecer se as autoridades alemães deixaram de se empenhar pela libertação do Kurnaz para não criar atrito com os EUA, disse o perito em segurança interna dos liberais, Max Stadler, ao jornal Berliner Zeitung. O governo rejeitou tal acusação.
A ex-encarregada dos direitos humanos do governo do SPD/Verdes, Claudia Roth, disse que à época não foi informada do caso. Também ela propôs que o assunto seja investigado pela CPI.
A ONG Bremer Friedensforum defendeu neste sábado a concessão de visto de permanência por tempo indeterminado a Kurnaz. Além disso, a Promotoria de Bremen deveria suspender o inquérito sobre o envolvimento do turco-alemão com terrorismo.
Kurnaz retornou na última quinta-feira (24/08) à Alemanha. Seus advogados disseram nos EUA que ele foi submetido a condições desumanas e foi torturado na prisão de Guantánamo.