Premiê turco na Alemanha
10 de fevereiro de 2008Anúncio
O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, gerou indignação na Alemanha com sua proposta de criar escolas e universidades em idioma turco no país. O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble, reagiu com um apelo para que os imigrantes turcos se empenhem pela integração na sociedade alemã.
O presidente da União Social Cristã (CSU), Erwin Huber, qualificou as declarações de Erdogan como "veneno para a integração". Políticos social-democratas alemães também repudiaram a sugestão do premiê turco.
Durante um debate com estudantes, na presença da premiê alemã, Angela Merkel, na sexta-feira (08/02), Erdogan havia se oferecido a enviar à Alemanha professores qualificados para o ensino da língua turca, defendendo a equiparação deste idioma a outros, como o inglês, o espanhol e o francês, dentro do currículo escolar.
Ao discursar para 20 mil cidadãos de origem turca, em Colônia, no domingo (10/02), o premiê turco ressaltou a necessidade de integração na sociedade alemã e recomendou o domínio do idioma do país de imigração. No entanto, ele alertou para o perigo de confundir integração com assimilação. "Assimilação é um crime contra a humanidade" e ninguém deveria exigir isso dos imigrantes turcos na Alemanha.
Políticos alertam contra perigo de se acentuarem guetos
As declarações de Erdogan levaram o ministro Schäuble a advertir que os imigrantes turcos "não deveriam se fechar em um mundo próprio turco", mas sim tratar de aprender a língua alemã e incentivar seus filhos a fazerem o mesmo.
Huber advertiu que a criação de instituições educacionais em idioma turco poderiam favorecer a criação de guetos. A conseqüência disso seria o surgimento de uma "Pequena Turquia na Alemanha".
A deputada social-democrata Lale Akgün, de ascendência turca, considera lamentável a perspectiva de as crianças crescerem com o corpo na Alemanha e a mente na Turquia.
Na Alemanha, já existem escolas em que se ensina a língua turca, sobretudo em Colônia e em Berlim. De acordo com o Ministério do Exterior, há cerca de 550 professores turcos que ensinam a língua materna aos filhos de imigrantes. O número de escolares turcos na Alemanha chega a aproximadamente 500 mil.
Comoção pública no enterro de vítimas do incêndio de Ludwigshafen
Em Ludwigshafen, milhares de pessoas se despediram das vítimas do incêndio ocorrido há uma semana. Os caixões dos nove mortos, entre eles cinco crianças, foram cobertos com a bandeira turca e com coroas de flores. O incêndio do edifício habitado apenas por moradores de origem turca e que pode ter sido ocasionado por defeitos técnicos, deixou mais 60 pessoas feridas.
Apesar de não haver provas de nenhum ato de fundo xenófobo, o mero temor de que pudesse se tratar de um atentado incendiário fez os políticos alemães se unirem em um amplo apelo pela integração.(sm)
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