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CriminalidadeItália

Políticos italianos condenam assassinato de imigrante

30 de julho de 2022

Italiano é preso após espancar até a morte um ambulante nigeriano em movimentada rua comercial, sem ninguém intervir fisicamente. Autoridades repudiam crime e criticam "indiferença injustificável" da população.

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Transeuntes em rua movimentada na Itália
Vendedor foi espancado em plena luz do diaFoto: Cristiano Minichiello/Photoshot/picture alliance

Autoridades italianas condenaram neste sábado (30/07) o assassinato de um vendedor ambulante nigeriano em plena luz do dia na rua principal do pequeno município de Civitanova Marche, localizado no litoral do Mar Adriático.

Por motivo aparentemente torpe, Alika O. foi espancado até a morte na sexta-feira, enquanto transeuntes filmavam o incidente sem qualquer tentativa aparente de intervir, relatou a imprensa local.

Em reação ao crime, o prefeito de Civitanova Marche, Tommaso Claudio Corvatta, rechaçou o que chamou de um "clima de intolerância" que vem "assolando a cidade há algum tempo".

O que se sabe sobre a morte

O nigeriano vendia mercadorias por volta das 14h (horário local) de sexta-feira, quando um italiano pegou a muleta que o ambulante usava para se locomover e o derrubou, informou a polícia.

Vídeos do ataque mostram o agressor lutando na calçada com a vítima, enquanto esta revidava. Em certo momento, Alika O. foi dominado pela força de seu atacante.

Relatos da imprensa afirmam que, antes da agressão, a vítima havia pedido à namorada do agressor para que ela comprasse algum de seus lenços ou lhe desse um trocado.

Embora nenhum transeunte tenha tentado intervir fisicamente, a polícia foi chamada e tentou prestar socorro à vítima, disse o chefe de polícia Matteo Luconi a uma emissora local.

Imagens filmadas mais tarde mostram a vítima deitada imóvel, com um lençol branco cobrindo todo seu corpo.

A polícia usou câmeras de segurança instaladas nas ruas para rastrear a movimentação do agressor e mais tarde deteve o homem.

Ele foi identificado como Filippo F., de 32 anos, e foi preso sob suspeita de assassinato e roubo, pois foi acusado ainda de roubar o celular da vítima.

À polícia, a namorada de Filippo F. disse que seu parceiro havia perdido a paciência porque o vendedor insistiu que eles comprassem algo.

Daniel Amanza, que dirige a associação para imigrantes ACSIM na região italiana de Marche, afirmou que a vítima havia chamado a namorada do agressor de "bela".

"Esse elogio foi o que o matou", disse Amanza à agência de notícias Associated Press. "O fato trágico é que havia muitas pessoas por perto. Eles filmaram, diziam 'pare', mas ninguém se mexeu para separá-los."

Quem era Alika O.?

Alika O. vendia lenços e pequenos acessórios na principal rua comercial de Civitanova Marche, cidade que fica a cerca de 240 quilômetros a nordeste de Roma.

Relatos da imprensa local afirmam que ele havia perdido o emprego de operário devido a problemas de mobilidade, depois de ter sido atropelado por um carro enquanto andava de bicicleta. Ele precisava de uma muleta para se locomover.

O nigeriano de 39 anos era casado e tinha um filho de 8 anos. Ele morava na Itália há cerca de dez anos, de acordo com a mídia italiana.

As reações ao assassinato

O assassinto de Alika O. ocorre num momento em que a Itália está em campanha para as eleições de 25 de setembro, nas quais a coalizão de direita já promovou a imigração como um problema.

O ministro interino da Saúde do país, Roberto Speranza, criticou a falta de ajuda prestada à vítima, afirmando que "a indiferença é tão séria e injustificável quanto a violência".

"O assassinato de Alika O. é desalentador", escreveu Enrico Letta, líder do esquerdista Partido Democrático, no Twitter. "Uma ferocidade inédita. Indiferença generalizada. Não pode haver justificativa."

Os líderes de extrema direita Matteo Salvini e Giorgia Meloni, que já se manifestaram diversas vezes contra a imigração, também denunciaram o assassinato e disseram esperar que "a sentença seja a máxima possível" para o assassino.

Várias pessoas, incluindo membros da comunidade nigeriana, reuniram-se neste sábado em Civitanova Marche e nas proximidades de Ancona para exigir justiça.

ek (AP, Efe)