Polônia eleva o tom e rebate críticas de políticos alemães
10 de janeiro de 2016A Polônia requisitou a presença do embaixador da Alemanha em Varsóvia para uma reunião no Ministério do Exterior nesta segunda-feira (11/01), afirmou um comunicado do ministério divulgado neste domingo.
Segundo a nota, a reunião seria motivada por "comentários antipoloneses feitos por políticos alemães", que criticaram as legislações recentemente implementadas pelo novo governo conservador em Varsóvia.
A agência de notícias estatal PAP afimou que o embaixador alemão, Rolf Nikel, foi requisitado a comparecer no ministério. Um porta-voz da embaixada alemã, porém, minimizou a convocatória, dizendo que o embaixador não foi chamado para consultas. "Esperamos uma conversa entre parceiros", disse.
Neste domingo, o ministro polonês da Defesa, Antoni Macierewicz, criticou a Alemanha, durante uma entrevista a uma rede de televisão, por tentar "dar lições de democracia e liberdade aos outros".
No sábado, a PAP divulgou uma carta do ministro polonês da Justiça, Zbigniew Ziobro, ao comissário europeu para economia digital, o alemão Günther Oettinger, que havia criticado anova lei de imprensa aprovada pelo governo em Varsóvia.
Em entrevista recente, Oettinger sugeriu que a Polônia deveria ser colocada sob supervisão da União Europeia em razão da aprovação da lei, que dá ao governo total liberdade para escolher os diretores das emissoras estatais de rádio e televisão.
No documento, Ziobro chamou de "tola" a política alemã e fez alusões à ocupação da Polônia pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
"Tais palavras ditas por um político alemão trazem as piores conotações possíveis para os poloneses. Também para mim, neto de um militar polonês que lutou na clandestinidade, durante a Segunda Guerra, contra a 'supervisão alemã'", afirmou o ministro.
As relações entre a Polônia e a Alemanha se deterioraram desde que o partido conservador Lei e Justiça (PiS) assumiu o poder.
A aprovação da nova lei de imprensa gerou protestos em todo o país neste sábado, com milhares de pessoas saindo às ruas em ao menos 20 cidades.
Ziobro assegurou que a lei não representa uma ameaça à liberdade de imprensa e chamou as declarações alemãs de hipócritas. "Cheguei à triste conclusão de que é mais fácil para eles falar sobre ameaças fictícias em outras nações do que condenar a censura em seu próprio país", disse o ministro.
A UE vai discutir nas próximas semanas a possibilidade de impor sanções à Polônia, em razão da quebra de princípios democráticos.
RC/afp/dpa/rtr