Populista holandês reaviva concurso de caricaturas de Maomé
29 de dezembro de 2019O político de extrema direita holandês Geert Wilders anunciou neste domingo (29/12) o que chamou de "o vencedor" de um concurso, criado por ele, de caricaturas de Maomé.
O anúncio é feito cerca de um ano depois de o próprio Wilders, conhecido pelo discurso anti-islã, ter cancelado um concurso similar, em meio à indignação de muçulmanos e ameaças de morte.
A imagem que Wilders chamou de "vencedora" é um desenho escuro de um homem barbudo com a sobrancelha franzida, usando um lenço preto na cabeça e camisa preta.
"A liberdade de expressão deve prevalecer sobre a violência e as fátuas islâmicas", disse Wilders, que dirige o maior partido da oposição no Parlamento holandês.
Em agosto do ano passado, Wilders cancelou um concurso semelhante depois que a polícia holandesa prendeu um homem de 26 anos que havia ameaçado matá-lo. O potencial assassino, um paquistanês, foi condenado a dez anos de prisão.
Wilders vive desde então numa casa cercada por amplo aparato de segurança e tem direito a 24 horas por dia de proteção por parte do Estado holandês.
O plano anterior de Wilder de realizar o concurso de cartuns de Maomé já havia provocado grandes manifestações em países de maioria muçulmana, incluindo o Paquistão.
Imagens do profeta Maomé são tradicionalmente proibidas no islã, e muitos muçulmanos consideram as caricaturas como altamente ofensivas e como blasfêmia.
Em 2005, uma charge do profeta Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten provocou violentos protestos em todo o mundo islâmico. Foram feitas várias tentativas de assassinar o editor do jornal, assim como o cartunista Kurt Westergaard.
Em 2015, terroristas mataram a tiros 12 pessoas na redação da revista satírica Charlie Hebdo, sediada em Paris, que publica frequentemente artigos e charges ironizando várias religiões, incluindo o islamismo.
Wilders é um crítico aberto do islã como religião e já fez comentários controversos sobre o profeta Maomé no passado. Ele recebe regularmente ameaças de morte de radicais muçulmanos.
No ano passado, depois de Wilders anunciar a ideia de fazer o concurso de cartuns, Khadim Hussain Rizvi, líder do partido Tehreek-e-Labbaik, que defende uma aplicação radical do islã no Paquistão, emitiu uma fátua (decreto religioso) contra o holandês. Neste sábado, o deputado lamentou que o paquistanês não tenha sido preso por isso.
RPR/rtr/afp
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp
| App | Instagram | Newsletter