AfD supera partido de Merkel em eleição estadual
27 de outubro de 2019A legenda A Esquerda saiu vencedora da eleição na Turíngia, estado alemão que compunha a antiga Alemanha Oriental. Ao mesmo tempo, o pleito, realizado neste domingo (27/10), confirmou o fortalecimento no estado dos populistas de direita da sigla Alternativa para Alemanha (AfD), que terminou em segundo lugar.
Resultados preliminares apontam que A Esquerda, que atualmente integra o governo do estado, obteve 31% dos votos, e a AfD, 23,4%. A legenda populista obteve mais que o dobro dos votos que conquistou no último pleito (10,6%), em 2014, e superou a União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel, que aparece com 21,8%.
Apesar do terceiro lugar, os democrata-cristãos devem amargar a maior derrota entre os partidos, perdendo 11,7 pontos percentuais em relação a 2014, segundo os resultados preliminares.
O Partido Social-Democrata (SPD) também perdeu 4,2 pontos percentuais e deve conquistar 8,2% dos votos, enquanto o Partido Verde deve alcançar 5,2%, 0,5 ponto percentual a menos do que no pleito passado. O parlamento regional também deve contar com deputados do Partido Liberal Democrático (FDP), que aparece com 5% dos votos, o dobro do conquistado em 2014.
O pleito teve uma alta participação eleitoral, que chegou a 65,5% superando os 52,7% registrados há cinco anos.
A Turíngia foi o primeiro e único estado da Alemanha a ter um governador da legenda A Esquerda. Segundo indicam os resultados preliminares, a atual coalizão de governo, formada pela sigla, o SPD e o Partido Verde, não conquistou assentos suficientes para manter a maioria no parlamento regional.
O atual governador, Bodo Ramelow, afirmou que assumirá a difícil tarefa de formar um governo. Para alcançar maioria no parlamento regional, ele terá que encontrar três parceiros de coalizão.
Ele anunciou estar disposto a negociar com todos os partidos com exceção da AfD, que na Turíngia lançou como principal candidato o ultradireitista Björn Höcke, conhecido por sua posição anti-imigração e por, entre outras coisas, criticar o memorial do Holocausto em Berlim, descrevendo-o como "memorial da vergonha" e defendendo uma reversão da cultura de memória na Alemanha.
Após a divulgação dos primeiros resultado, Höcke afirmou que sua legenda deseja participar do governo e disse que o resultado é um claro sinal de que os alemães desejam uma "nova democracia".
Resultado preocupa
Representantes de organizações judaicas e muçulmanas mostram preocupação diante do avanço dos populistas de direita. A ex-presidente do Conselho Central dos Judeus Charlotte Knobloch falou em "erosão da cultura democrática" na Alemanha. "Onde um partido como esse celebra sucesso, há um problema", acrescentou.
"Quem votou na AfD sabia exatamente o que estava fazendo. Com seu voto, muitos eleitores apoiaram um partido que há anos com sua banalização do regime nazista, seu nacionalismo aberto e seu ódio contra minorias, incluindo a comunidade judaica, prepara o terreno para a exclusão e a violência de extrema direita", destacou Knobloch.
O presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, afirmou que o fato de quase um quarto dos eleitores da Turíngia terem votado "num partido de extrema direita" é "muito mais do que um sinal de alarme".
CN/rtr/dpa/ots
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