Powell vai passar o chapéu na Otan
4 de dezembro de 2003O chefe do Departamento de Estado americano, Colin Powell, deverá usar toda a sua diplomacia no encontro de dois dias, em Bruxelas, a partir desta quinta-feira (4), para conseguir mais ajuda concreta dos aliados europeus para a política americana no Iraque ocupado. A disposição de ajuda dos aliados europeus diminui na proporção em que aumenta o número de baixas nas tropas dos Estados Unidos e de aliados estacionadas no Iraque. Alemanha e da França, que foram contra a guerra, não discutem mais nem a hipótese de enviar soldados ao país.
Estruturas duplas?
- Mais diplomata que o seu colega da Defesa, Donald Rumsfeld, Powell tratou de se declarar, antecipadamente, de acordo com os planos da UE de criar seu próprio braço militar. Ele já teria esclarecido isto na semana passada com o ministro britânico da Grã-Bretanha, Jack Straw. Na reunião dos titulares da Defesa da OTAN, em Bruxelas, na segunda-feira (1), Rumsfeld havia acusado a UE de querer duplicar as estruturas da Otan com o seu plano para se tornar independente da aliança militar dominada pelos EUA.Depois de meses de discussão, os ministros das Relações Exteriores da UE aprovaram a criação de um braço militar para a comunidade, depois que ela for ampliada dos atuais 15 membros para 25, a partir de maio de 2004. Eles tomaram a decisão no seu encontro em Nápoles, no último fim de semana, depois de meses de discussão.
Ataques reduzem disposição de ajuda
- Powell evidenciou que mais importante que atiçar a contenda entre a UE e os EUA é tentar ampliar o apoio dos aliados europeus no Iraque. Alguns mandaram pequenos contingentes, mas a tendência de mandar mais soldados foi extremamente reduzida. Em virtude dos constantes ataques de milícias iraquianas, os governos da Itália e Espanha estão sob pressão crescente desde que suas tropas foram alvos de atentados. No maior deles, morreram 19 soldados italianos de uma vez. A pressão da opinião pública aumenta também na Grã-Bratanha, o maior aliado dos americanos.Países como Alemanha e França, que desde o início advertiram para um fracasso da intervenção militar anglo-americana no Iraque se sentem confirmados pelos atentados terroristas. Berlim se oferece meramente para treinar policiais iraquianos em países vizinhos. Ante a resistência firme da coalizão de governo social-democrata e verde, Washington parou de pedir tropa e ajuda financeira da Alemanha para o Iraque. Por outro lado, o governo do presidente George W. Bush parece levar a sério as exigências alemã e francesa por um papel maior da ONU na administração e reconstrução do Iraque.
Powell quer esclarecer aos ministros das Relações Exteriores da Otan como vai organizar a entrega do poder aos iraquianos em meados de 2004. Sua tese, com a qual concorda o seu colega alemão Joschka Fischer, é de que americanos e europeus estão no mesmo barco e não podem arriscar um fracasso no Iraque.
Reforço no Afeganistão
- A cooperação internacional funciona muito melhor no Afeganistão. A Otan planeja fortalecer sua presença militar lá e enviar mais equipes de reconstrução às províncias. A Alemanha está formando uma equipe para substituir soldados americanos em Cunduz. Depois de muita discussão, Bélgica e República Tcheca se dispuseram a substituir a Alemanha na operação do aeroporto de Cabul.A aliança militar também resolveu colocar mais helicópteros à disposição da tropa multilateral de paz em Cabul (ISAF), depois que o seu secretário-geral, George Robertson, apelou para a consciência dos aliados. Com 5.500 soldados, a ISAF dispõe só de três helicópteros e agora vai receber mais 14. Isto não deverá fazer falta no quartel-general em Bruxelas, porque a Otan tem sete mil helicópteros.