'História indescritível'
28 de janeiro de 2009DW-WORLD.DE: Como o senhor vê o desenvolvimento de Bitterfeld desde a queda do Muro?
Horst Tischer: Para ser franco, trata-se realmente de uma história indescritível! Não devemos esquecer que, no momento da reunificação, Bitterfeld tinha a fama de ser a cidade de maior índice de poluição. E comparando nossa região com aquele tempo, é quase inacreditável o que aqui se desenvolveu.
Sem nenhum lado negativo?
Este desenvolvimento não tem, naturalmente, só lados positivos. Na época da reunificação, tínhamos por volta de 75 mil postos de trabalho. A maior parte destes acabou. Mas hoje temos um número oficial de cerca de 40 mil a 45 mil postos de trabalho. Nós conseguimos reconstruir nosso parque químico.
Isto é suficiente para as pessoas em Bitterfeld?
É claro que as pessoas aumentaram suas pretensões, de forma que não se pode registrar uma satisfação completa. Mas eu digo mais uma vez, impaciência e pedir por mais também podem ter efeito positivo.
Quais são os melhores exemplos que mostram o que Bitterfeld ganhou nestes quase 20 anos?
O parque químico é uma fusão dos dois grandes setores industriais que aqui existiam antigamente, a indústria química e a indústria de filmes. Os terrenos onde se localizavam ambos os ramos industriais foram completamente saneados. Todos os elementos tóxicos foram eliminados, criando-se espaço para a instalação de novas indústrias
Por exemplo?
Temos grandes instalações de indústrias como a Bayer, que fabrica aqui para todos nós a conhecida aspirina. Além disso, estão aqui instalados setores de algumas empresas que produzem bases para tinta e produtos semelhantes. Temos uma grande fábrica norte-americana de vidro plano. E nós abrimos nossas portas para que fossem implantadas uma série de empresas de pequeno porte.
E o meio ambiente?
Um exemplo do desenvolvimento de Bitterfeld é a recuperação ambiental de Goitzsche. Esta grande cratera que sobrou da mina a céu aberto está hoje inundada – mesmo que a enchente do ano de 2002 tenha ajudado. Bitterfeld é hoje uma cidade em torno de um lago.
O senhor já falou do desaparecimento de muitos postos de trabalho. Nos últimos 20 anos, o que a cidade mais lamenta ter perdido?
É evidente que existem pessoas que deixam nossa região, as que são mais flexíveis e as que possuem mais mobilidade, também aquelas com melhor formação e as mais jovens. O que isso acarreta é um ponto que nos aflige um pouco. Mas observamos que, através da implantação de novas empresas, como, por exemplo, no Vale Solar [fundação da empresa de células solares Q-Cells], pessoas que aqui procuram trabalho mudam-se novamente para cá.
Em 2007, Bitterfeld fusionou com alguns de seus municípios vizinhos, formando a municipalidade de Bitterfeld-Wolfen, por quê?
Já fazia algum tempo que a idéia dessa fusão nos passava pela cabeça. Muito antes de ela acontecer, falávamos sempre da região Bitterfeld-Wolfen. Essa união reporta ao fato de nossas áreas industriais se estenderem por cinco fronteiras, que praticamente haviam fusionado. Como isso, nasceu o desejo de possibilitar uma tramitação mais rápida de solicitações. E a proximidade dos municípios entre si era tal que não se notava mais nenhuma divisão entre os limites de cidades ou municípios. Um pouco de pressão por parte da indústria, um pouco de compreensão dos agentes políticos – isto fez finalmente com que concordássemos em nos fusionar.
Isto soa a um casamento forçado?
Eu diria que toda fusão traz consigo dificuldades iniciais. Dificuldades com as quais nós ainda nos debatemos. Mas tenho a certeza que vamos superá-las. Ainda falta muito para que a fusão entre na cabeça de todas as pessoas. No passado, houve evidentemente rivalidades, sobretudo entre as cidades maiores, Bitterfeld e Wolfen. Elas devem ser superadas. Acho que então tiraremos efeitos positivos desta fusão.
Como vê o desenvolvimento de Bitterfeld-Wolfen nos próximos cinco a dez anos?
Através de um marketing sensato, nós tentamos impulsionar ainda mais este desenvolvimento, em especial no Vale Solar e no parque químico, como também o aperfeiçoamento das ofertas de recreação em Goitzsche. Mas tudo isso terá que ser desenvolvido com paciência – e também tem que ser combinado de forma clara com a população. Progressos repentinos como aconteceu pouco após a reunificação não se repetirão. Nós continuaremos a orientar o nosso futuro como uma cidade industrial à beira de um lago.