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Presidente alemão renuncia

1 de junho de 2010

Motivo do afastamento foram polêmicas declarações associando missões das Forças Armadas alemãs à defesa de interesses econômicos da Alemanha no exterior.

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Köhler foi duramente criticado por suas declaraçõesFoto: AP

O presidente da Alemanha, Horst Köhler, apresentou nesta segunda-feira (31/05), de forma inesperada, sua renúncia ao posto. O motivo alegado para o afastamento imediato, que é inédito na história da República Federal da Alemanha, foram polêmicas declarações emitidas pelo chefe de Estado a respeito das Forças Armadas.

Em sua defesa, Köhler declarou em Berlim que a acusação de que ele teria defendido um emprego inconstitucional das Forças Armadas em prol de interesses econômicos alemães no exterior não só é completamente infundada como também desrespeitosa perante o mais alto cargo político do país.

Köhler comunicou sua decisão ao presidente do Bundesrat (câmara alta do Parlamento alemão), Jens Böhrnsen, que assumiu interinamente o cargo. Também a chanceler federal, Angela Merkel, e o vice-chanceler e ministro do Exterior, Guido Westerwelle, foram informados.

A renúncia de Köhler, em meio à crise do euro, pode trazer ainda mais dificuldades para o governo da coalizão entre conservadores e liberais, liderada por Merkel. Köhler é membro da União Democrata Cristã (CDU), mesmo partido da premiê.

A declaração polêmica

A entrevista que acabou levando à renúncia foi dada para a emissora Deutschlandradio Kultur em 22 de maio. O trecho polêmico é o seguinte:

"A meu ver é de fato assim: nós lutamos lá [no Afeganistão] também pela nossa segurança na Alemanha, lutamos lá ao lado de aliados, com base num mandato das Nações Unidas. Tudo isso significa que temos responsabilidade. Acho correto que na Alemanha se discuta isso reiteradamente, também com ceticismo, com pontos de interrogação.

Mas minha avaliação é que, de um modo geral, estamos no caminho de entender, também numa base ampla da sociedade, que um país da nossa dimensão, com orientação para o comércio exterior e assim sendo dependente deste comércio exterior, também precisa saber que, na dúvida, em caso de necessidade, também uma missão militar é necessária para defender nossos interesses, por exemplo para garantir vias comerciais livres, por exemplo para impedir instabilidades de regiões inteiras, as quais certamente também incidiriam negativamente nas nossas chances de comércio, empregos e renda.

Tudo isso deve ser discutido e creio que estamos num caminho não de todo ruim."

Missão no Afeganistão

Após a veiculação da entrevista, Köhler foi acusado de estar se referindo à missão militar alemã no Afeganistão no trecho em que fala da defesa de interesses econômicos, o que daria um novo sentido ao mandato emitido pelas Nações Unidas.

Por meio de um porta-voz, Köhler rebateu as críticas e disse que não tinha em mente a missão no Afeganistão, mas sim a ação da Bundeswehr contra piratas que atuam na região do Chifre da África, por exemplo.

Köhler foi eleito para o cargo, como candidato da CDU, da CSU (União Democrática Cristã) e do FDP (Partido Democrático Liberal), em 23 de maio de 2004 e reeleito cinco anos depois.

AS/dpa/epd
Revisão: Rodrigo Rimon

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