Política externa
25 de maio de 2007Durante sua visita de quatro dias à China, o presidente alemão, Horst Köhler, está buscando a convergência com o governo em Pequim, em detrimento do diálogo sobre questões controversas, como os direitos humanos, por exemplo.
As críticas do Parlamento alemão contra os campos de reeducação e de trabalhos forçados na China, pronunciadas pouco antes de o chefe de Estado partir para Pequim, não foram retomadas por Köhler nas conversas com a liderança chinesa. O presidente alemão afirmou haver tratado dos direitos humanos apenas em "linhas gerais", sem abordar casos concretos.
Soluções ambientais com tecnologia alemã
Quanto às questões ambientais e à mudança do clima, por exemplo, o presidente alemão assegurou que a China se vê como parte do problema e está interessada em participar de sua solução. No entanto, não é de se esperar nenhuma concessão concreta por parte de Pequim quanto à redução de gases-estufa na próxima cúpula do G8, a ser realizada em Heiligendamm, na Alemanha.
Köhler ressaltou que os chineses apostam na tecnologia e no know-how alemães, não apenas para superar os problemas ambientais. Os chineses esperam que os alemães mostrem mais empenho por uma cooperação econômica e aumentem seus investimentos no país.
Apesar das volumosas reservas de divisas da China, um país que está fortalecendo sua presença na África através de concessão de ajuda ao desenvolvimento, Köhler considera pertinente manter a ajuda alemã ao país. Ele alega que o auxílio não se restringe a recursos econômicos, mas também inclui a transferência de tecnologia.
Direitos humanos em segundo plano
Köhler se distingue dos presidentes alemães anteriores ao priorizar as chances de parceria econômica com a China e atenuar as críticas à política de direitos humanos, sempre consideradas por Pequim um desrespeito à soberania do país.
O antecessor de Horst Köhler na presidência da Alemanha, o social-democrata Johannes Rau, sempre fez questão de enfatizar as críticas do Ocidente ao abuso dos direitos humanos na China e defender o Estado de direito. Em um discurso pronunciado na Universidade de Nanjing em 2003, Rau advertiu – com uma ênfase sem precedentes para um presidente alemão – da gravidade da questão:
"Quando se trata dos direitos fundamentais da pessoa, de vida e de liberdade, de proteção contra a perseguição, de privação arbitrária da liberdade e de discriminação, não pode haver na atitude nenhuma relativização e nenhum consenso."