Fusão VW-Porsche
23 de julho de 2009Após 16 anos no comando da montadora alemã Porsche, Wendelin Wiedeking demitiu-se do cargo de presidente da empresa. O anúncio foi feito pela Porsche nesta quinta-feira (23/07), depois de uma maratona de 12 horas de reunião do conselho de administração.
A fabricante de automóveis esportivos de Stuttgart informou que, nas últimas semanas, Wiedeking e o diretor financeiro da empresa, Holger Härter, chegaram à conclusão que seria melhor para o desenvolvimento estratégico da Porsche se não estivessem mais presentes como negociadores.
As arriscadas negociações financeiras com vista a assumir o controle da Volkswagen custaram o emprego de Wiedeking. Com isso, o executivo de 56 anos tira as consequências de uma dura luta de poder com a VW.
O até então diretor de produção da Porsche, Michael Macht, foi nomeado para ocupar a presidência da montadora. Wiedeking receberá 50 milhões de euros de indenização pela rescisão de seu contrato, mas anunciou que doará metade da quantia.
Planos de Wiedeking superados
Tanto o sucesso da montadora como sua atual crise estão ligados ao nome de Wiedeking. Com a redução drástica dos custos e decisões estrategicamente corretas, ele conseguiu recuperar a estabilidade da empresa. Em 1° de agosto próximo, completaria 16 anos na presidência da Porsche, cujo controle acionário está nas mãos das famílias Porsche e Piëch.
Com a anuência de Ferdinand Piëch, Wiedeking arquitetou, no auge de seu sucesso, a entrada da Porsche como grande acionista na VW. Certa ocasião, o executivo afirmou ao jornal Süddeutsche Zeitung que a ideia do negócio fora sua.
Mas Wiedeking subestimou os riscos do arriscado negócio. A compra de quase 51% das ações da VW levou a dívidas de cerca de 10 bilhões de euros acumuladas pela montadora altamente lucrativa até então. Com a ajuda de capital do emirado Catar, Wiedeking planejava salvar seu projeto de assumir o controle da VW, que é muitas vezes maior que a Porsche.
Mas seu plano já havia sido rejeitado pela VW e pelo próprio Piëch, que, além de pertencer ao conselho de administração da Porsche, preside o conselho de administração da Volkswagen. O estado da Baixa Saxônia, detentor de 20% das ações da VW, também era contra a estratégia de Wiedeking.
VW triunfou sobre a Porsche
Em maio último, as famílias Porsche e Piëch iniciaram conversas com a VW para uma fusão das duas empresas. Na ocasião, as negociações fracassaram devido à insistência de Wiedeking de salvar seus planos com a ajuda financeira do Catar. Nesta quinta-feira, ficou decidido que a Porsche deverá se tornar a décima marca da maior fabricante europeia de automóveis, a quem já pertence Audi, Seat, Skoda e Bugatti, entre outras.
A VW estabeleceu os critérios para um império automotivo integrado com a Porsche: até 2011, a montadora de Stuttgart deverá ser incorporada paulatinamente pela VW, de acordo com um plano que a direção da Volkswagen quer agora negociar com a Porsche.
Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, declarou que, "como acontece hoje com a Audi, também a Porsche poderá se desenvolver de forma autônoma e manter sua integridade sob o teto da Volkswagen".
Catar é novo grande acionário
A fusão faz parte dos planos da Volkswagen de ultrapassar a Toyota como maior fabricante automotiva do mundo. Segundo a agência de notícias DPA, o acordo prevê que as famílias Porsche e Piëch deterão mais de 50% das ações da futura empresa integrada. O estado da Baixa Saxônia deverá ficar com 20% e o emirado Catar, inicialmente com 17%.
Catar conseguiu a participação na VW através da compra de ações ainda detidas pela Porsche. Após a fusão, sua participação deverá ser ampliada para 19%. O emirado emprestará ainda 750 milhões de euros à Porsche para que a empresa de Stuttgart possa pagar um empréstimo feito junto à VW.
CA/ap/reuters/dpa/
Revisão: Rodrigo Rimon