Presidente do Eurogrupo descarta saída da Grécia e diz que é hora de agir
30 de julho de 2012O presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, alertou neste domingo (29/07) para um desmantelamento da zona do euro. "O mundo está falando se ainda vai existir a zona do euro daqui a alguns meses", declarou o presidente do grupo dos países da moeda comum, em entrevista publicada na edição desta segunda-feira do jornal alemão Süddeutsche Zeitung.
O premiê luxemburguês advertiu de que não se deve perder mais tempo para salvar o euro. "Devemos agora deixar claro, com todos os meios, que estamos decididos a assegurar a estabilidade financeira da união monetária."
Com suas declarações, Juncker pôs mais lenha na fogueira de especulações sobre uma participação ativa do Banco Central Europeu (BCE) na solução da crise – por exemplo com a compra de títulos da dívida de países afetados, como Espanha e Itália, medida que poderia pressionar para baixo os juros a serem pagos por esses países em novas emissões de títulos.
Crítica indireta a ministro alemão
Ao diário alemão, Juncker confirmou que os países do euro e o BCE se preparam comprar títulos de países em dificuldade, caso seja necessário. "Ainda não está decidido exatamente o que e quando vamos fazer." Segundo Juncker, isso depende "dos desenvolvimentos dos próximos dias e também da rapidez com que teremos de reagir. Nós vamos agir com o Banco Central Europeu, sem afetar a sua independência".
"Nós estamos determinados a manter o euro em sua integridade, ou seja, com todos os países, e em sua importância. Todos esses boatos sobre a saída da Grécia não ajudam em nada", afirmou Juncker, criticando indiretamente o ministro alemão da Economia, Philipp Rösler, que havia feito declarações sobre uma possível saída da Grécia da união monetária.
Quem acha que os problemas da zona do euro serão resolvidos negligenciando a Grécia não reconhece as verdadeiras causas da crise, afirmou Juncker. O presidente do Grupo do Euro disse ainda que a reputação dos países da moeda comum seria severamente afetada e que graves consequências iriam aparecer.
Esforços para manter o euro
Na semana passada, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, já havia apontado para a possibilidade de o BCE vir a ajudar países europeus em crise. "Em nosso mandato, o BCE está disposto a fazer tudo o que for necessário para manter o euro", disse o italiano.
Nesta segunda-feira, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, encontra-se com o colega de pasta norte-americano, Timothy Geithner, para consultas sobre a crise de endividamento e suas consequências para a economia global. Em seguida, o secretário do Tesouro dos EUA viaja para Frankfurt, onde se encontra com Draghi.
Os Estados Unidos têm instado repetidamente os países europeus a implementar medidas mais enérgicas para superar a crise de endividamento. No último final de semana, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, asseguraram querer fazer todo o possível para proteger a zona do euro.
CA/rtr/afp/dapd
Revisão: Alexandre Schossler