Presidente do Parlamento Europeu rechaça gabinete de May
15 de julho de 2016O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, fez duras críticas nesta quinta-feira (14/07) ao gabinete da nova primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmando que o Reino Unido precisa quebrar esse "perigoso círculo vicioso" que pode impactar diretamente no resto da Europa.
Schulz fez referência aos ministros recém-nomeados por May, entre eles, o ex-prefeito de Londres e líder da campanha pelo Brexit Boris Johnson, novo ministro do Exterior. Para ele, as escolhas da premiê fogem do interesse nacional e foram feitas para "resolver problemas internos do partido".
"Vamos trabalhar de forma construtiva com o novo governo britânico, assim como fizemos no passado", disse ele em comunicado. "No entanto, a composição do novo gabinete mostra que o foco está menos no futuro do país e mais na satisfação da coesão interna do Partido Conservador."
Reações à escolha
Assim como Schulz, outros políticos europeus também reagiram negativamente à nomeação de Johnson como ministro britânico. Um dos descontentes foi o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, que chamou o ex-prefeito de Londres de "irresponsável".
"As pessoas [no Reino Unido] estão experimentando um rude despertar depois que políticos irresponsáveis primeiro seduziram o país para o Brexit e depois, com a decisão já tomada, fugiram e não assumiram a responsabilidade", disse ele em discurso na Universidade de Greifswald.
Ao jornal alemão Bild am Sonntag, Steinmeier afirmou que "Johnson é um político astuto, que conseguiu usar o humor eurocético a favor de si mesmo". "Mas as tarefas políticas são agora completamente diferentes: trata-se de assumir a responsabilidade da política externa para além do Brexit", disse o ministro, destacando que o conservador precisará se adaptar as novas exigências.
Já o ministro do Exterior francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou que seu novo homólogo britânico "mentiu muito" e que sua nomeação "revela a crise política britânica" após o referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Ele disse que não se preocupa em trabalhar com Johnson, mas expressou a necessidade de um parceiro de negociação que seja "claro, crível e confiável".
EK/afp/ap/lusa