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Presidente filipino admite ter matado criminosos

14 de dezembro de 2016

Duterte diz que matava pessoalmente para "dar exemplo aos policiais" e que saía de moto "à procura de problemas" quando era prefeito de Davao. Organizações de direitos humanos o acusam de chefiar esquadrões da morte.

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"Eu andava de motocicleta por Davao à procura de confrontação para poder matar", disse o Duterte
"Eu andava de motocicleta por Davao à procura de confrontação para poder matar", disse o DuterteFoto: Reuters/L. Daval Jr

Presidente filipino diz que patrulhava ruas para matar

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, afirmou ter matado supostos criminosos quando governava a cidade de Davao, no sul do país, para, segundo ele, dar exemplo à polícia.

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Após vencer com folga a eleição presidencial deste ano com a promessa de acabar com o narcotráfico nos primeiros seis meses de mandato, Duterte pediu em várias ocasiões à polícia e aos cidadãos que eliminassem narcotraficantes e usuários de drogas.

Numa reunião com empresários nesta segunda-feira (12/12), ao falar sobre a campanha antidrogas de seu governo, que já resultou na morte de milhares de pessoas, ele afirmou ter liderado esforços semelhantes na cidade que governou durante a maior parte dos últimos 20 anos.

"Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos rapazes [policiais]. Se eu posso fazer, por que é que vocês não podem?", disse. "Eu costumava andar de motocicleta por Davao, com uma moto grande, e patrulhava as ruas, ou seja, estava à procura de problemas. Eu estava à procura de confrontação para poder matar", disse o presidente. 

Nesta terça-feira, num discurso dirigido a cidadãos filipinos durante uma visita oficial ao Camboja, Duterte contou que saía em missões com a polícia em Davao. "Às vezes eu ia com eles. Se disserem que atirei em alguém, talvez eu o tenha feito. Eu fechava os olhos porque sempre me assustava quando a arma disparava", afirmou, em tom de brincadeira.

Algumas organizações internacionais o acusam de ter liderado esquadrões da morte em Davao, que teriam assassinado mais de mil supostos criminosos. Duterte, de 71 anos, rebateu as críticas, dizendo não se intimidar com os pedidos para pôr fim à política antidrogas de seu governo.

"Feliz em matar"

Em outubro, ele chegou a se comparar a Adolf Hitler, afirmando que ficaria "feliz em matar" 3 milhões de usuários de drogas e traficantes. Mais tarde, pediu desculpas pela referência ao líder nazista, mas reafirmou o desejo de matar milhões de pessoas ligadas ao tráfico nas Filipinas.

A polícia registrou a morte de mais de 2 mil pessoas nas operações antidrogas desde o início do governo de Duterte. Segundo estatísticas oficiais, outras 3 mil morreram em circunstâncias não especificadas.

Organizações de direitos humanos acusam o governo de violar o Estado de Direito, denunciando que a polícia e assassinos contratados pelo governo agem com total impunidade. Duterte, porém, afirma que os policiais atuam apenas em legítima defesa e que as outras vítimas foram mortas por criminosos.

O presidente afirmou que não permitirá que policiais sejam presos caso sejam culpados de homicídio durante a campanha do governo contra o tráfico de drogas.

RC/lusa/afp