Tragédia em Smolensk
10 de abril de 2010O presidente polonês, Lech Kaczynski, morreu neste sábado (10/4) em um acidente de avião. A aeronave caiu quando se aproximava do aeroporto de Smolensk, na Rússia, matando 97 pessoas, conforme comunicaram autoridades polonesas e russas.
Entre os passageiros, estavam também a mulher de Kazcynski, Maria, e autoridades de primeiro escalão do governo polonês, incluindo o chefe de Estado Maior, Franciszek Gagor; e o vice-ministro de Exterior, Andrzej Kremer e o diretor do Banco Central polonês, Slavomir Skrzypek.
A delegação viajava para a Rússia para participar da cerimônia em memória das vítimas do massacre de milhares de prisioneiros de guerra poloneses durante a Segunda Guerra Mundial, cometido pelo serviço secreto soviético há exatos 70 anos, em Smolensk, Katyn.
Possível erro do piloto
O acidente ocorreu quando o avião, modelo Tupolev TU-154, se preparava para pousar, em momento de intenso nevoeiro, no aeroporto da localidade de Smolensk, no oeste da Rússia. Não há sobreviventes, segundo informou o governador da região, Serguei Anufriyev. Ele também disse que, antes de cair, o avião colidiu com diversas árvores. Segundo agências de notícia russas, as primeiras suposições apontam para um erro do piloto.
A TV estatal russa mostrou imagens dos restos da aeronave em um bosque próximo a Smolensk, enquanto bombeiros tentavam apagar as chamas. O avião tinha pelo menos 20 anos de idade.
A notícia gerou profunda comoção na Polônia. O primeiro-ministro Donald Tusk convocou uma reunião extraordinária de seu gabinete.
O presidente russo, Dimitri Medvedev, prometeu esclarecimento sobre as causas da tragédia. "Foi com profundo e sincero pesar que eu, como todos os cidadãos da Rússia, recebemos a notícia desta terrível tragédia", declarou Medvedev, em comunicado divulgado pelo Kremlin. "Ordenei uma investigação detalhada do acidente, em estreita cooperação com as autoridades polonesas", afirmou Medvedev.
Alemanha apresenta condolências
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou estar "profundamente chocada com a queda do avião e a morte do presidente polonês". "Estamos em choque e em grande tristeza", afirmou o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, que se encontra em visita à Cidade do Cabo. "Todo o povo alemão está de luto juntamente com os vizinhos poloneses. Queremos comunicar ao povo polonês que estamos ao seu lado", acrescentou. Em um telefonema com Radek Sikorski, seu colega de pasta polonês, Westerwelle transmitiu suas condolências.
Lech Kaczynski governou a Polônia desde outubro de 2005, tendo se tornado conhecido por sua oposição ao comunismo e sua defesa de valores conservadores católicos. Ele nasceu em Varsóvia a 18 de junho de 1949 e tem um irmão gêmeo idêntico, Jaroslaw Kaczynski, que foi também primeiro-ministro polonês, entre junho de 2006 e novembro de 2007.
Os gêmeos Kaczynski estudaram Direito na Universidade de Varsóvia, onde iniciaram sua atividade política em um grupo clandestino contra o regime comunista. O presidente polonês assistiu ao nascimento do Movimento Solidariedade, de Lech Walesa, em 1980, altura em que foi detido pela polícia política. Curiosamente, as autoridades não detiveram na época o seu irmão, por não acreditarem que existiam dois homens iguais chamados Kaczynski, com a mesma data de nascimento.
Aliado de Lech Walesa, junto com irmão gêmeo
Lech Walesa lhes atribuiu cargos de destaque no primeiro governo pós-comunista, mas eles acabaram por perder a confiança do líder sindicalista, devido às suas posições radicais conservadoras.
Lech Kaczynski foi ministro da Justiça em 2000 e 2001, se destacando pela luta contra a corrupção e o crime organizado. Com o seu irmão, fundou em 2001 o Partido Lei e Justiça, de ideais conservadores católicos e anticomunistas.
Foi eleito presidente da Polônia em 23 de outubro de 2005 e nomeou seu irmão como primeiro-ministro em junho de 2006, após a demissão do primeiro-ministro Kazimierz Marcinkiewicz.
Apesar de ser considerado um "eurocético" e de ter ameaçado não ratificar o Tratado de Lisboa, que viabilizou um processo de decisão mais eficiente na União Europeia ampliada, Kaczynski acabou por promulgar o documento em 07 de outubro de 2007.
MD/lusa/dpa/apn/afp
Revisão: Simone Lopes