Primeiro-ministro da Eslováquia é baleado em atentado
15 de maio de 2024O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi baleado nesta quarta-feira (15/05) em um atentado na cidade de Handlova, a cerca de 150 quilômetros da capital, Bratislava. Um suspeito foi detido no local.
O crime ocorreu em frente a um centro cultural local onde Fico, de 59 anos, participou de uma reunião de governo. Testemunhas disseram ter ouvido vários tiros. Ele foi colocado em um automóvel por seus seguranças e levado diretamente a um hospital.
Conforme o ministro do Interior eslovaco, Matus Sutaj Estok, o premiê foi alvejado cinco vezes. A emissora local TA3 diz que o político foi atingido na região do abdômen. Ele foi operado e, segundo o vice-primeiro-ministro da Eslováquia, Tomas Taraba, está fora de risco.
"Fiquei muito chocado. Felizmente, até onde sei, a operação correu bem, e acho que ele sobreviverá no final. Ele não está em uma situação em que sua vida esteja em risco neste momento", disse Taraba em entrevista à emissora britânica BBC.
Taraba também confirmou que o suspeito do atentado é um homem de 71 anos. Membros do governo eslovaco falam em motivação política para o crime.
Reações
A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, se disse chocada com o ataque, que chamou de "brutal e impiedoso" ao primeiro-ministro e o desejou forças para sua recuperação.
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, lamentou o incidente em postagem na rede social X. "A notícia da covarde tentativa de assassinato do premiê Fico me chocou profundamente. A violência não pode ter lugar na política europeia", disse.
Em tom parecido, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, se disse chocado com o incidente e afirmou que seus pensamentos estavam com Fico e sua família.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, condenou o atentado, que chamou de "aterrador". "Todos os esforços devem ser feitos para assegurar que a violência não se torne a norma em nenhum país", afirmou, no X.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenou o "ataque vil" contra Fico. "Tais atos de violência não devem ter lugar em nossa sociedade, tampouco sabotar a democracia, nosso bem comum mais precioso."
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse que "nada pode justificar a violência desses ataques", e expressou solidariedade a Fico e sua família.
"Estou profundamente chocado com o ataque hediondo contra meu amigo", lamentou o primeiro-ministro ultradireitista da Hungria, Victor Orban. "Rezamos por sua saúde e por uma rápida recuperação. Deus o abençoe e a seu país", escreveu no X.
O Parlamento eslovaco suspendeu suas sesões por tempo indeterminado.
Os principais partidos da oposição cancelaram um protesto contra um controverso plano do governo que eles dizem que permitiria o controle dos serviços públicos de rádio e televisão.
Trajetória
Robert Fico voltou ao poder na Eslováquia após sua coalizão populista de direita vencer as eleições em setembro do ano passado.
Como líder do Smer-SD, nominalmente um partido de esquerda, Fico governou a Eslováquia durante grande parte da última década, apesar das acusações regulares de que ele havia transformado o país em um "estado mafioso". Depois de sua renúncia após o assassinato do jornalista Jan Kuciak, ele adotou uma roupagem de extrema direita. Ele já foi primeiro-ministro de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018.
Durante a sua última campanha ele se comprometeu a "suspender imediatamente qualquer entrega de ajuda militar à Ucrânia", o que não ocorreu.
O populista afirmou, ainda, que não autorizaria a detenção do presidente russo, Vladimir Putin, em obediência a um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), se ele alguma vez viesse à Eslováquia.
A Eslováquia é Estado-membro da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que forneceu uma ajuda substancial a Kiev desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.
O atentado ocorreu a três semanas das eleições europeias, nas quais se espera que os partidos populistas e de extrema direita devem aumentar suas representações no Parlamento Europeu.
rc/ra (AP, Reuters, AFP)