Primeiro-ministro do Mali renuncia após ser preso por soldados
11 de dezembro de 2012O primeiro-ministro da República do Mali, Cheick Modibo Diarra, foi detido por soldados na madrugada desta terça-feira (11/12), segundo informações de seus funcionários. Os militares alegaram estar agindo sob o comando do capitão Amadou Haya Sanogo.
Fontes do governo relataram que cerca de 20 homens "demoliram" a porta da residência de Diarra em Bamako, capital do país da África Ocidental, tratando-o de forma "bastante brutal". Segundo seus familiares, ele se encontraria em prisão domiciliar, impossibilitado de "receber quem queira ou de ir aonde queira". Os soldados teriam levado Diarra para a guarnição de Kati, localizada nas cercanias de Bamako.
Sem maiores explicações
Pouco tempo depois, o premiê de 60 anos anunciou na TV estatal a sua renúncia. "Vocês, homens e mulheres, se preocupam com o futuro de nossa nação e almejam paz. Por esta razão, eu e todo o meu governo renunciamos a nossos cargos."
Sem oferecer mais justificativas para a decisão, o chefe de governo agradeceu a seus colaboradores e expressou a esperança de que "uma nova equipe" consiga cumprir sua tarefa. Consta que, naquela mesma noite, Diarra pretendia viajar para Paris, a fim de se submeter a um check-up médico.
As indicações são de que se trate de um golpe militar. Fontes das forças de segurança malinesas confirmaram o envolvimento do capitão Sanogo na prisão de Diarra. O militar já participara do golpe que, em 22 de março, derrubou Amadou Toumani Touré, presidente malinês no poder havia dez anos.
No vácuo de poder subsequente, rebeldes tuaregues e seus aliados islamistas conseguiram dominar todo o norte do país dentro de poucos dias. Sanogo, que tem a guarnição de Kati como base, se opunha à reivindicação de Diarra por uma intervenção contra os radicais islâmicos.
Plano de mobilização europeu para a crise
Nesta segunda-feira, os ministros do Exterior da União Europeia (UE) haviam aprovado em Bruxelas um "plano de mobilização" para auxiliar o Mali na crise que sucede o golpe militar contra Touré.
O plano prevê o envio de militares europeus para treinar as tropas malinesas, o que deveria ajudá-las a obter sucesso contra os rebeldes e garantir a segurança no país africano. Um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, expressou esperança de que um novo chefe de governo seja nomeado em breve no Mali.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, mostrou-se "muito preocupado" com os últimos acontecimentos no Mali. "A prisão do primeiro-ministro Diarra e a renúncia do governo colocam em perigo a estabilização política do país", declarou em Berlim.
As ajudas prometidas só serão concedidas sob a condição que "o processo de restabelecimento da ordem constitucional no Mali seja levado a cabo de forma convincente". Só assim também haverá uma solução para a crise no norte do país, afirmou Westerwelle.
A UE pretende instalar seu quartel-general em Bamako e manter um centro de treinamento a nordeste da capital, com contingente de 200 a 250 capacitadores, de diversos países europeus. Ainda não está fixada uma data para o início da operação. A UE tem enfatizado repetidamente que não participará de uma intervenção militar direta no país da África Ocidental.
AV/afp,dpa,dapd,epd
Revisão: Francis França