Procuram-se professores
1 de fevereiro de 2004A conta que a Conferência dos Secretários Estaduais da Educação (KMK) fez da demanda de professores até 2015 é simples: para preencher as 371 mil vagas de professor no serviço público, as faculdades só formarão 297 mil profissionais nesse período. Faltarão, portanto, 74 mil, conforme a projeção dos dados do sistema educacional alemão, sustentado, em sua grande maioria, por escolas públicas.
Nível de ensino e matérias mais afetadas
Mas a previsão geral não considera certas diferenças fundamentais, como o tipo de disciplina, o nível da escola e a região em que se situa. Enquanto as escolas primárias estarão bem servidas, faltarão mestres no nível médio I do sistema escolar alemão (da 5ª à 10ª série) e nas escolas profissionalizantes.
As disciplinas mais afetadas serão matemática, química e as demais ciências exatas, mas também música e religião. Já as escolas profissionalizantes de nível médio ou superior estarão à procura de quem ensine matérias técnicas, desde engenharia a economia, administração e direito.
Falta será maior no Ocidente
Quanto à distribuição das escolas por região, continuará havendo uma grande diferença entre Leste e Oeste, no que se refere à demanda. Em comparação com as décadas de 80 e 90, quando houve muitas contratações, a necessidade de professores continuará sendo elevada na parte ocidental do país.
A média por ano passará de 13 mil (de 1986 a 2000) a mais de 25 mil nos 15 anos seguintes (de 2001 a 2015). O ápice deverá ser atingido este ano, quando as secretarias da Educação abrirão vagas para 35 mil cargos. Depois, a tendência é cair até 21 mil em 2015.
No Leste sobram professores
Já nos chamados novos estados, que antes constituíam a Alemanha Oriental, a necessidade de novas vagas foi mínima no final dos anos 90. Muitas escolas tiveram que ser fechadas, devido ao êxodo da população do Leste para o Oeste alemão, motivado pelo desemprego. Muitos professores receberam contratos de meio expediente.
Desde então a demanda caiu tanto, que nem mesmo o fato de inúmeros professores terem deixado as escolas ou se aposentado levou à criação de novas vagas. No Leste, só serão necessários novos professores a partir de 2007, segundo o levantamento oficial.
Profissão não entusiasma estudantes
A principal razão da grande demanda em todo o país é que a partir deste ano irão se aposentar muitos dos que foram contratados quando chegaram às escolas os estudantes nascidos em anos de forte crescimento populacional.
Outra razão é que a profissão já não parece atraente aos jovens. Principalmente os estudantes de ciências exatas preferem logo trabalhar em indústrias ou na iniciativa privada. Para ser professores, e portanto funcionários públicos, teriam que prestar um primeiro exame estatal após a conclusão do curso universitário, fazer o estágio de dois anos em que, além de trabalhar de fato nas escolas, cursam aulas das matérias pedagógicas, e depois prestar um segundo exame.
Salário alto e má reputação
O salário, nesse período, é bem inferior ao que o professor recebe depois. E este é um dos poucos incentivos à profissão, já que a Alemanha é, segundo um estudo da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), um dos países que mais bem paga seus professores (40 mil dólares por ano).
Considerados "preguiçosos" pelos que não têm tantas férias quanto quem trabalha em escolas, os professores alemães dão em média 714 horas de aulas por ano (no nível médio I), mas gastam mais do que isso corrigindo trabalhos e fazendo planejamento. Além de terem de agüentar crianças e adolescentes cada vez mais inquietos e as conseqüências de pais que descuidam de sua tarefa educativa e da crise de valores na sociedade.