Nanotecnologia
3 de abril de 2008Ela é considerada a tecnologia-chave do século 21, abrindo assim a porta de entrada para o futuro: a nanotecnologia. A ela pertence tudo aquilo que é menor que um décimo de micrômetro (milionésima parte do metro). Esta tecnologia das pequenas coisas promete novos produtos e soluções de problemas em incontáveis campos, seja, por exemplo, na tecnologia de informação, medicina, engenharia ambiental ou na ótica.
Na Alemanha, alguns dos centros da área de nanotecnologia se encontram em Dresden, capital do estado da Saxônia. Lá aconteceu, há pouco, a Nanofair, evento que alia pesquisadores e suas idéias com representantes do mercado.
Diariamente novos produtos
A nanotecnologia tem grande potencial de mercado. Já hoje, ela é fundamento para o desenvolvimento de discos rígidos de alta capacidade, pintura automotiva colorida fluorescente ou lentes de óculos que não arranham devido à camada de proteção. Quase diariamente chega um novo produto ao mercado. No simpósio Nanofair foram apresentados recentes resultados de pesquisas que estão no limiar de sua aplicação prática.
Jörg Opitz, pesquisador do Instituto Fraunhofer de Ensaios Não Destrutivos, se ocupa, por exemplo, de nanodiamantes, ou seja, minúsculos cristais de carbono. "Nanodiamantes são um material muito interessante. Esperamos poder inseri-los como sensores biológicos em células, com vistas também, mais tarde, ao diagnóstico do câncer", afirma o cientista.
Na pista das células cancerígenas
Um diagnóstico exato pode significar uma ajuda salvadora para muitos pacientes com câncer. E isto porque os pequenos diamantes são fluorescentes. Eles emitem luz ao serem devidamente iluminados.
Como os nanodiamantes são muito menores que as células humanas, eles podem ser implantados propositadamente em células cancerígenas. Sua iluminação denunciaria então a localização exata e o tamanho de um tumor.
Os pequenos cristais são capazes de ainda mais. "Nós os implantamos, no momento, em aviões para verificar se existe corrosão e, ao mesmo tempo, medir o grau de desenvolvimento do processo corrosivo", comenta Jörg Opitz. Neste projeto, o instituto Fraunhofer trabalha em conjunto com o fabricante europeu de aviões Airbus.
Cédulas à prova de falsificação
A indústria também está interessada nas nanopartículas com as quais trabalha Claus Feldmann, da Universidade de Karlsruhe. As pequenas partículas são compostas de cadeias de elementos metálicos, nas quais o químico introduziu pequenas quantidades de átomos externos. Estas nanopartículas podem ser usadas até numa impressora jato de tinta. Desta forma, Feldmann pode imprimir motivos ou textos feitos a partir de finas camadas de nanopartículas.
"Devido às nanopartículas, as finas camadas são transparentes na luz visível", explica o cientista. "Quando ativadas, elas se iluminam, o que pode ser usado como identificação de segurança em, por exemplo, notas bancárias ou para fins de propaganda comercial", acresceu.
Os impressos feitos a partir destas partículas são completamente transparentes e quase invisíveis. Somente sob luz ultravioleta, eles se iluminam de verde ou vermelho. A grande vantagem do nanomaterial fluorescente: diferentemente das identificações usadas hoje nas cédulas européias, este material não desbota.
Riscos não esclarecidos
A nanotecnologia tem grande potencial. Mas como fica a segurança para o homem e o meio ambiente? Discute-se muito se o avanço nas minúsculas dimensões traz consigo riscos para a saúde, explica Andreas Leson, do Instituto Fraunhofer IWS em Dresden.
"Existe, por iniciativa do governo federal alemão, o assim chamado Nanodiálogo, que engloba cientistas, firmas e também federações de proteção ambiental", acresce o pesquisador do Instituto Fraunhofer de Dresden.
O Ministério Alemão da Pesquisa apóia com milhões de euros a pesquisa sobre a segurança. Também em nível europeu, existem projetos semelhantes, eles se chamam NanoDerm, NanoTox ou Impart. O debate sobre o risco está num estágio ainda muito prematuro, mas já se identificam pontos de perigo.
"Nanocamadas são completamente desinteressantes sob o ponto de vista do perigo, como também as técnicas de medição no nível nano ou a eletrônica. As nanopartículas são as que devem ser observadas", explica Andreas Lason.
Perigoso como amianto
A razão é o fato de as nanopartículas serem tão pequenas que podem, certamente, ultrapassar a barreira sangue-cérebro (membrana que protege o cérebro de substâncias perigosas da corrente sangüínea) e se alojar no cérebro – com conseqüências imprevisíveis. Este foi o resultado de pesquisas com animais.
Além disso, as pequeníssimas partículas podem provocar danos aos pulmões – de forma semelhante às fibras de amianto. Os pesquisadores procuram agora métodos de ensaio que possuam avaliar, rapidamente, quais nanopartículas podem ser perigosas. Faltam ainda dados confiáveis.